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Em seu último número, o Jornal do Clube de Engenharia acompanhou as obras dos estádios que vão abrigar os jogos da Copa do Mundo de 2014. O evento, que contará com investimentos bilionários dos governos federal, estaduais e municipais, promete aquecer a economia nacional com a injeção de recursos adicionais no orçamento de doze capitais. Anunciadas como um dos benefícios duradouros do mundial, as obras de mobilidade urbana prometem melhorar o transporte público nas cidades sedes.
No dia treze de maio, o governo Federal divulgou o PAC Mobilidade Urbana. O programa, composto por quarenta e sete projetos, tem o objetivo de melhorar a infraestrutura e facilitar o transporte nas cidades sedes do mundial. As obras receberão recursos Federais de R$ 7,68 bilhões, que, somados às contrapartidas estaduais e municipais, totalizarão um investimento de R$ 11,48 bilhões. As primeiras capitais a assinarem o contrato foram Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e São Paulo.
Segundo o ministro do Esporte, Orlando Silva, a Copa do Mundo será uma grande oportunidade para que o Brasil melhore e qualifique seus serviços de infraestrutura e transporte.
- Investir em mobilidade urbana é um dos desafios do país até 2014. Também serão assuntos de relevância nacional a melhoria dos serviços de hotelaria e segurança, além do desenvolvimento de estádios que sejam adequados e confortáveis aos torcedores - explicou o ministro.
Investimentos
Para receber investimento do PAC, o governo Federal selecionou projetos de mobilidade urbana que facilitassem o transporte entre aeroportos, redes hoteleiras e estádios nas cidades sedes. Além disso, priorizou obras que pudessem ser concluídas dentro dos cronogramas estabelecidos pela Federação Internacional de Futebol (FIFA}. Ainda foram considerados os benefícios que os projetos trarão para as capitais após a realização do mundial.
De acordo com o ministro das Cidades, Marcio Fortes, ainda que os investimentos federais garantam mobilidade aos turistas, a prioridade é a melhoria da qualidade de vida das pessoas que residem nas cidades sedes.
- A questão das obras vai além do mundial. O objetivo dos projetos é melhorar a infraestrutura para 2014. Porém, mais do que isso, eles devem solucionar problemas crônicos que já se arrastam há séculos nessas cidades - justificou o ministro, ressaltando que as obras de mobi-lidade urbana do país devem estar finalizadas pelo menos um ano antes do evento.
Cumprir os prazos internacionais será um dos grandes desafios da engenharia brasileira para a Copa de 2014. Segundo o presidente do Clube de Engenharia, Francis Bogossian, o pais possui tecnologia suficiente para não que existam atrasos na conclusão e entrega das obras.
- Mas para que isso ocorra é necessário planejamento e gerenciamento. Seis anos parecem muito tempo, mas não é quase nada quando se fala em obras de infraestrutura. A Olimpíada de 2016 já está em nossa porta, sem falar na Copa de 2014 e nos Jogos Mundiais Militares - advertiu.
Sistemas de transporte
De acordo com o ministro Marcio Fortes, cerca de 30% da verba federal será investida em sistemas de transporte sobre trilhos. Tratam-se dos projetos de monotrilhos (trens suspensos), que serão implantados em São Paulo e Manaus, e dos Veículos Leves sobre Trilhos (VLT), construídos em Brasília e Fortaleza. Os demais recursos serão investidos em corredores exclusivos de ônibus, linhas de BRTs, estações de transferência, e terminais e sistemas de monitoramento.
O VLT ou "metrô de superfície" é um modelo muito utilizado na Europa. O sistema transporta de 15 mil a 35 mil passageiros por hora e sentido, a uma velocidade de até 30 quilômetros por hora, o que reduz o tempo de viagem em até 30%, se comparado aos ônibus comuns. Já Bus Rapid Transit (sistema rápido de ônibus, ou BRT), é um sistema de ônibus de alta velocidade que circula em corredores exclusivos, separados do restante do tráfego. Apesar do modelo ter sua origem baseada nos ônibus comuns, as semelhanças são poucas. A linha BRT utiliza, por exemplo, tecnologias mais limpas, sistema de pré-pagamento de tarifas, além da transferência entre rotas não aumentar o custo da passagem.
Curitiba foi a pioneira no desenvolvimento e implementação de linhas BRTs, há mais de quarenta anos. Hoje, mais de 140 cidades no mundo utilizam o sistema que tem capacidade de transportar mais de 270 pessoas por vez. O ônibus se desloca a uma velocidade de até 35 quilômetros por hora, reduzindo o tempo de viagem e espera dos passageiros nos pontos em até 40% se comparado aos ônibus comuns.
A escolha do modal ideal para cada cidade depende de fatores que vão desde custos até o tempo de implantação. Estima-se que cada quilômetro de linhas VLT custe de R$ 62 milhões a R$ 79 milhões, enquanto no sistema BRT um quilometro equivale de R$ 17,6 milhões a R$ 26,4 milhões. Bem mais caro (R$ 176 milhões a R$ 264 milhões), o metrô ainda é a melhor opção no quesito capacidade de transportar passageiros - leva até oitenta mil pessoas, mas que o dobro do BRT e do VLT. Porém, uma linha de quinze quilômetros demora cerca de oito anos para ser construída, enquanto o mesmo trecho em BRT e VLT leva somente três anos para estar pronto.
Segundo Fortes, um dos critérios mais relevantes para a implantação de um modal de transporte em uma das cidades sedes é atender a suas necessidades estruturais.
- É preciso ter em mente qual é a melhor opção para solucionar os problemas de transporte da cidade. Os custos, o tempo de implantação, como ficará a obra depois do evento, tudo isso deve ser levado em consideração. Não adianta só funcionar durante a Copa. Para não virar um investimento perdido, um modal deve ser sustentável - ressaltou.
Projetos e obras
Na segunda reportagem sobre a infraestrutura da Copa de 2014, o Jornal do Clube de Engenharia acompanhou o andamento dos projetos e obras de mobilidade urbana em cada uma das cidades sedes que receberão os jogos do Mundial.
Centro-Oeste
Brasília receberá um investimento federal de R$ 361 milhões. Os projetos incluem a construção de uma linha de VLT que Ligará o Aeroporto Internacional de Brasília ao Terminal Asa Sul (R$ 263 milhões) e a ampliação de rodovias que facilitarão o acesso ao aeroporto (R$ 98 milhões). As obras estão na fase inicial de execução e estão previstas para serem finalizadas até março de 2012.
As obras de mobilidade urbana em Cuiabá ainda não tiveram inicio. É aguardada a liberação das verbas Federais, que giram em torno de R$ 454,7 milhões. O projeto inclui a construção de duas linhas de BRT (R$ 423,7 milhões), além da duplicação da rodovia Mario Andreazza (R$ 31 milhões), que dá acesso ao estádio José Fragelli, o Verdão, que receberá os jogos durante a Copa.
Nordeste
As obras em Fortaleza, previstas para começar em janeiro de 2011, serão financiadas pelo governo federal com R$ 414,4 milhões. Os projetos incluem a linha VLT Parangaba-Mucuripe (R$ 170 milhões), a implantação de quatro linhas de BRT (R$ 113,5 milhões), a construção de um corredor expresso (R$ 97,7 milhões) e de duas novas estações de metrô (R$ 33,2 milhões).
Em Natal, as obras foram iniciadas em abril, recebendo um investimento de R$ 360,98 milhões do governo federal. O novo aeroporto da capital será ligado à Arena das Dunas e ao setor hoteleiro da cidade, através da implantação de um corredor e de obras viárias (R$ 350,4 milhões). O restante da verba será aplicado no prolongamento da Avenida Prudente de Moraes (R$ 10,58 milhões).
Recife receberá do governo federal uma verba de R$ 648 milhões, que financiará a implantação de corredores expressos (R$ 402 milhões), duas linhas de BRT (R$ 231 milhões) e a construção do Terminal Cosme Damião (R$ 15 milhões).
A capital baiana receberá um investimento de R$ 541,8 milhões para a construção de uma linha BRT,' que conectará o Aeroporto Internacional de Salvador à zona norte da cidade.
Norte
Iniciadas em março deste ano, as obras em Manaus incluem a implantação de um monotrilho (R$ 600 milhões) e a construção de uma linha de BRT (R$ 200 milhões). A capital amazonense receberá RS 800 milhões do PAC da Mobilidade.
Sudeste
O governo Federal destinará a Belo Horizonte um investimento de R$ 1.023,3 milhões. O projeto prevê a implantação de seis linhas de BRT (R$ 783,3 milhões), a ampliação da central de controle de tráfego (R$ 30 milhões) e a realização de obras viárias (R$ 210 milhões), como a revitalização da Boulevard Tereza Cristina.
O Rio de Janeiro receberá do governo Federal uma verba de R$ 1.190 milhões, o maior valor entre as cidades sedes da Copa. O projeto inclui a implantação de uma linha BRT (R$ 1.610 milhões), que ligará a Penha à Barra da Tijuca, passando pelo Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim. As obras foram iniciadas em maio, e a previsão é que sejam finalizadas até maio de 2013.
Para financiar a construção da Linha Ouro do Monotrilho de São Paulo, o governo Federal investirá na capital paulista R$ 1,08 bilhão. O modal de transporte ligará o Aeroporto de Congonhas ao Estádio do Morumbi.
Sul
Para Curitiba, os investimentos Federais serão de R$ 440,6 milhões. Dessa verba, R$ 265,5 milhões são destinados a implantação de corredores expressos. Os demais recursos financiarão a requalificação do Terminal Santa Cândida, linhas de BRT, a construção de um sistema de moni-toramente de tráfego e obras viárias.
Porto Alegre receberá um investimento federal de R$ 273,9 milhões para a construção de três corredores exclusivos para ônibus. Além disso, duas linhas de BRT serão cobertas integralmente pelo PAC da Mobilidade (R$ 81 milhões). Os R$ 13,7 milhões restantes serão destinados ao sistema de monitoramente de tráfego, somando um total de R$ 368,6 milhões investidos na cidade.
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