Governo prepara lista com imposto menor para importação de autopeças

O governo negocia, com montadoras de automóveis e fábricas de autopeças, a adoção de uma lista de exceção com imposto reduzido para alguns componentes de autopeças que não são produzidos no Brasil.

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Miguel Jorge, disse hoje que será mais uma medida dentro do “esforço combinado” entre Brasil e Argentina para aumento do conteúdo local de peças e partes dos dois mercados.

Hoje, Jorge recepcionou a ministra da Indústria argentina, Débora Giorgi, em seminário que discute questões comerciais de interesse bilateral em setores como madeira e móveis, maquinário agrícola, linha branca de eletrodomésticos e laticínios.

Eles informaram que o comércio bilateral já atingiu US$ 20 bilhões no ano, até agosto, com previsão de chegar à cifra recorde de US$ 33 bilhões ao fim deste ano. Se confirmado, deverá superar os US$ 31 bilhões de 2008, o melhor patamar até agora. Mas foi a preocupação com o chamado déficit no comércio de autopeças que tomou o centro de entrevista concedida pelos dois ministros.

A ministra Giorgi elogiou medida adotada pelo Brasil, de acabar com redutor sobre imposto de importação para autopeças até março de 2011, cuja alíquota de 40% vigorou por 10 anos e já foi reduzida em 10 pontos percentuais este mês.

“Essa era uma diferença que não era correta em relação à Argentina”, disse o ministro brasileiro. A ministra argentina destacou que buscam uma redução das assimetrias, no sentido de fortalecer os dois mercados para enfrentar a concorrência internacional.

Entre os estímulos a possíveis joint ventures entre companhias argentinas e brasileiras do setor de autopeças, Giorgi citou linhas de financiamento especiais a serem concedidas pelos bancos do Brasil (BB) e o argentino La Nación. E também a necessidade de avanços no campo tecnológico.

O ministro brasileiro citou a futura lista com redução tributária, como sequência à eliminação do redutor, que valia para as autopeças em geral. “Algumas vezes, você tem que ter uma certa capacidade de pressão para que as coisas se resolvam”, afirmou.

Ele justificou que não há prazo para a lista de exceção, porque não se quer "dar tiro no pé” e tentar produzir no país automóveis que ficarão mais caros do que simplesmente importar - como um Rolls Royce, por exemplo.

Miguel Jorge esclareceu ainda que o Brasil não está, particularmente, preocupado com a concorrência de autopeças vindas do mercado asiático, como Coreia e China, que são as dores de cabeça da Argentina. Segundo ele, mais de 60% do déficit de importação de autopeças brasileiro (acima de US$ 6 bilhões) procede de montadoras sediadas na Europa.


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