Imagens: Divulgação
Para-choque de tampa de garrafa, tanque à base de cana-de-açúcar, teto revestido de garrafa PET, dispositivos que reduzem o consumo de combustíveis e veículos sem emissão de gás carbônico. Na maioria das vezes empresas e consumidores ainda pagam mais caro para salvar o planeta. Na busca por soluções verdes, porém, a indústria automotiva acabou descobrindo que ser ambientalmente correto, em alguns casos, pode sair até mais barato do que usar materiais e tecnologias que poluem o planeta.
Exemplos não faltam. Ao substituir o uso de polímeros derivados do petróleo por fibra de curauá na confecção de tampas de porta-malas, a PSA Peugeot Citroën reduziu em 20% o custo de produção do item. As pick-ups da montadora já aproveitam o vegetal, assim como faz a Volkswagem no modelo Fox. A Fiat também vai lançar o Uno Ecology, ainda sem previsão, com fibras vegetais da planta e também do coco. Cultivado no Pará, o curauá tem folhas resistentes como as do abacaxi e é usada também na indústria têxtil.
A tampinha de plástico do refrigerante se transforma em para-choques no modelo C4 da montadora francesa. E a garrafa PET é usada na confecção do revestimento de teto do C3. O uso de material descartável substitui a compra de materiais originários de resinas plásticas, derivadas de petróleo, com economia de 10% para a fabricante de automóveis.
“Quando começamos a usar materiais recicláveis na fabricação de itens dos automóveis, nosso objetivo era reduzir o impacto ambiental na produção de veículos. Mas descobrimos nesta caminhada que alguns itens têm custo menor”, afirma o diretor mundial da área de Materiais Verdes da PSA, Louis David.
Cerca de 8% dos para-choques dos veículos da General Motors (GM) produzidos nas fábricas de São Caetano do Sul e São José dos Campos (SP), possuem plásticos reciclados em sua composição. Dos pneus, a montadora extrai granulado de borracha, aço e massa de borracha, que servem como insumo para diversos produtos.
A indústria automotiva também procura trocar resinas plásticas por óleos vegetais na fabricação das espumas que constituem os bancos dos automóveis. Mas o processo sai mais caro do que a tradicional cadeia petroquímica, assim como a produção de tanques de gasolina a partir do chamado plástico verde, feito a partir de etanol. Segundo produtores, o preço do plástico verde é 30% maior que o insumo oriundo da nafta petroquímica.
Economia só no longo prazo
David, da PSA Peugeot Citroën, afirma que o aumento de custos com alguns materiais verdes são compensados pela redução de preços de outros mais baratos. O custo final dos automóveis, segundo o executivo, acaba sendo o mesmo. O processo de substituição de materiais clássicos por matérias-primas ambientalmente corretas ainda não faz diferença para o consumidor final, segundo ele.
O que faz diferença – para melhor ou pior – na hora de comprar um carro são as tecnologias usadas para reduzir ou anular as emissões de gás carbônico. Carros elétricos custam até três vezes mais caro do que veículos movidos a motores a combustão no Brasil. São salgados na hora de comprar - mas podem ser econômicos na hora de pagar a conta do abastecimento.
O modelo Palio Weekend Elétrico, fabricado pela Fiat em parceria com a geradora de energia Itaipu Binacional custa entre R$ 150 mil e R$ 168 mil, cerca do triplo do similar movido a combustíveis fósseis.
O consumo de energia de um carro elétrico, dependendo do modelo, no entanto, pode custar de quatro a cinco vezes menos que o gasto de um carro convencional. Segundo Antonio Otelo de Cardoso, diretor técnico da geradora, um carro elétrico consome em média 10 Kw/hora para rodar 80 quilômetros – o consumo equivale a aproximadamente quatro banhos, segundo o especialista.
Considerando a tarifa de energia no Brasil de R$ 0,44 por cada Quilowatt-hora (kWh) consumido, paga-se R$ 4,4 para rodar 80 quilômetros com eletricidade do sistema interligado nacional. Muito menos que cerca de R$ 17 por um veículo médio movido a gasolina.
“A indústria que vende automóveis individuais tem que produzir soluções para não ser apontada como a grande culpada pela emissão de gás carbônico”, avalia o professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Francisco Nigro.
Outro exemplo de automóvel eficiente é o Smart, da Mercedes Benz. O motor a combustão desliga automaticamente em congestionamento, reduzindo o consumo de combustível em cerca de 20%. Mas o preço (a partir de R$ 48 mil) é bem mais elevado que o de outros carros compactos.
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