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Imagens: Divulgação
Maravilha da engenharia
A visão de uma barata correndo para o ralo pode ser repugnante, mas esse desagradável inseto é também uma verdadeira maravilha de engenharia.
Por mais que pareça um contrassenso falar em "inspirar-se em uma barata" para fazer qualquer coisa, engenheiros da Universidade de Oregon, nos Estados Unidos, acreditam que vale a pena mandar também o preconceito para o ralo e transformar as baratas em verdadeiras musas da robótica.
Segundo o Dr. John Schmitt, a natureza parece ter colocado nas baratas "soluções tecnológicas" que permitirão a construção de robôs capazes de andar sobre qualquer terreno, muito mais eficientes do que qualquer outro meio de locomoção já tentado.
Bioinspiração
Na verdade, as baratas vêm sendo alvo de atenção dos roboticistas há algum tempo: uma equipe da Universidade Case Western pretende construir um robô com cérebro de barata.
Em um campo de pesquisas chamado bioinspiração - no qual os cientistas tiram ideias da natureza para melhorar suas próprias engenhocas - a equipe do Dr. Schmitt também já tem prontos seus primeiros protótipos de uma barata robótica.
Dentro de certas limitações, segundo ele, as baratas não têm sequer que usar seus cérebros para correr - eles apenas correm, com uma ação muscular instintiva e que não exige nem mesmo controle reflexo.
"Os seres humanos podem correr mas, francamente, as nossas capacidades não são nada comparadas ao que alguns insetos e outros animais podem fazer," diz Schmitt. "As baratas são incríveis. Elas podem correr em alta velocidade, mover-se facilmente sobre terrenos acidentados e reagir a qualquer perturbação mais rapidamente do que um impulso nervoso no nosso cérebro."
Andar sem pensar
É isso que os engenheiros estão tentando reproduzir em seus robôs. Os primeiros protótipos já conseguem replicar o andar do inseto, mas nenhum deles conseguiria ainda apostar uma corrida com uma barata.
Os robôs, sejam baseados em insetos ou não, absorvem energia demais e exigem um poder computacional para fazê-los funcionar que os torna também pesados e lentos.
Se, como no animal, esse "cérebro de barata" puder ser dispensado para o andar, os cientistas acreditam poder reproduzir praticamente toda a mobilidade do inseto.
"Uma barata não pensa muito sobre andar, ela apenas anda. E isso somente a atrasa cerca de 20 por cento quando ela passa sobre blocos que são três vezes mais altos do que seus quadris. Isso é notável e é uma indicação de que sua estabilidade tem a ver com a sua 'construção' e não com a sua reação," afirma Schmitt.
Baratas espaciais
Ele e seus colegas acabam de publicar um artigo no qual eles descrevem detalhes dessa "engenharia das baratas". Usando modelagem computadorizada, os pesquisadores conseguiram descrever não apenas os movimentos, mas também como o animal acumula e libera energia conforme ele anda ou corre.
O próximo passo da pesquisa será incorporar esse conhecimento nos protótipos de robôs-baratas e avaliar como eles se comportam. Segundo o Dr. Schmitt, nem de longe os seus robôs precisarão ganhar uma corrida de uma barata.
Apenas a capacidade de mover-se por terrenos irregulares, com baixo consumo de energia, e exigindo uma capacidade de processamento mínimo, será um ganho sem paralelo para robôs que serão capazes de explorar áreas devastadas por acidentes naturais ou mesmo caminhar na superfície da Lua ou de Marte.
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