Fonte: Agência Ciesp de Notícias - 07/05/07
Em tom otimista, Romildo Campelo, diretor adjunto do Departamento de Meio Ambiente (DMA) do Ciesp, disse hoje, dia 3 de maio, que não acredita nas idéias apocalípticas que envolvem a questão do aquecimento global. “Há uma catástrofe que se anuncia, mas a indústria tem feito o seu dever de casa”, ressalta. Segundo ele, é necessário que o Brasil identifique, sem o medo de “país subdesenvolvido”, que não é o causador do efeito estufa.
Campelo falou na abertura do Seminário ISO “Conscientização sobre a Quantificação, Informação e Verificação dos Gases Estufa”, que está sendo realizado entre hoje e amanhã (dia 4) pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com o apoio do Ciesp e da Fiesp.
O diretor do DMA considerou que a indústria paulista está cumprindo de forma singular o seu papel no controle da emissão de poluentes. Além da forte conscientização que se está adquirindo no setor, o empresário destacou o “estímulo” quando se coloca que poluição dá prejuízo, é desperdício de material e sinal de que os produtos não foram bem aproveitados. “O objetivo a ser alcançado é resíduo e emissão zero”, afirmou. Campelo apontou também para a relevância da abordagem do tema para o Ciesp e a Fiesp – entidades atuantes na conscientização do setor paulista industrial em relação aos mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL), que estão sendo progressivamente implementados pelas indústrias.
Na abertura do seminário, Pedro Buzatto (presidente da ABNT) disse que as normas ISO que tratam de condutas ambientais são ferramentas valiosas para o atual desafio que se impõe, que é somar competências de especialistas, empresas e governo para “virar o jogo”, e fazer uso dos bens de serviço de forma competitiva e sustentável.
Novas condutas
O diretor do Departamento de Meio Ambiente da Fiesp, Nelson Reis, discursou sobre o interesse que o tema provoca dentro da indústria brasileira, que está se engajando na questão do MDL. “O incentivo a esse engajamento tem sido ação da Fiesp para mostrar que os caminhos para o desenvolvimento limpo não são encargos para as empresas, mas podem trazer benefícios” – segundo ele, não só benefícios econômicos, mas também de inserção num mercado exigente que está se consolidando, que opta por produtos ecologicamente corretos.
Vitor Feitosa, coordenador do subcomitê 09 “Mudanças Climáticas”, do ABNT/CB 38, fez uma reflexão do contexto sobre o qual o seminário se apóia. O que está em jogo nas questões referentes às mudanças climáticas, segundo ele, não é necessariamente a vida do planeta, mas o modelo econômico de fazer negócios no mundo, que acabou sendo responsável por essa situação-limite. “Esse modelo precisará de uma revisão profunda, e a normatização dessas novas condutas ganha uma importância gigantesca”, afirmou Feitosa. “A solução ambiental passa por um discurso de cunho econômico”, completou.
Programação
A apresentação do seminário está focada nas normas ISO 14064 e ISO 14065, que dispõem sobre os requisitos para habilitar organizações a relatarem suas reduções na emissão de gases estufa ou projetos de remoção, desenvolverem programas geradores de crédito de gases estufa; além das instruções para validar e verificar essa contabilidade, apoiados por um sistema de credenciamento. A ISO 14064 é uma norma neutra, que não foi construída especificamente para verificar o cumprimento das medidas do Protocolo de Kyoto pelos países, mas deve ser aplicada em qualquer sistema de mitigação dos efeitos ambientais.
Nos dois dias de evento haverá palestras de autoridades da área de desenvolvimento de normas, projetistas e organizações de credenciamento locais, que apresentarão uma visão detalhada das normas. Além disso, será discutida a importância da quantificação e dos relatórios de gases estufa, adequando as normas ao contexto brasileiro – e explicando requisitos e métodos para que possam ser aplicadas no Brasil.
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