Recalls assombram o mundo

Fotos: Divulgação

Em um momento em que as maiores montadoras do mundo assumem erros de seus fornecedores e promovem recalls, é hora de analisar o que está acontecendo na indústria automobilística.

A maior montadora do mundo, a Toyota, anunciou um mega recall de 8,5 milhões de veículos no mundo (não incluído o Brasil). Entre eles a última geração do híbrido Prius. Outra gigante japonesa, a Honda, convocou 186 mil consumidores brasileiros de New Fit para ajuste no sistema do vidro elétrico.

A montadora francesa PSA Peugeot Citroën anunciou um recall "preventivo" de 97 mil veículos Peugeot 107 e Citroën C1 do mercado europeu, produzidos em uma fábrica da República Tcheca. A Volkswagen, depois de uma chamada atrasada do Fox, convocou os donos do Novo Gol e Voyage para inspecionar os rolamentos das rodas traseiras. Pelo visto, não há montadora que escape da fúria dos recalls.

Ano passado as "reconvocações" no setor automotivo já haviam saltado aos olhos por dois motivos: as convocações se tornaram mais frequentes e os recalls de veículos passaram a responder por uma fatia maior dos realizados no País (entram nessa conta recalls de medicamentos, brinquedos e produtos de informática, entre outros). Os 35 recalls de veículos corresponderam a 65% de todos os chamamentos de 2009. No ano anterior, foram 27 de veículos, ou 58% do total.

Segundo especialistas, uma das justificativas para esse fenômeno foi o crescimento das vendas de veículos entre os anos de 2007 e 2008 - foram esses os convocados no ano passado. "A indústria automobilística nesse período trabalhou no limite da sua capacidade de produção, sem pausas para manutenção. A falta de controle de qualidade acabou comprometendo os automóveis", afirma Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste).

Outro fator para o aumento deste problema, segundo as análises, é a preocupação das montadoras de preservação de sua imagem. "As companhias querem correr menos riscos para evitar multas e processos", diz Renato Fonseca, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Autopeças.


O número de convocações em 2009 foi recorde (35 - 459,5 mil veículos), mas poderia até ser maior, diz Renata Faria, consultora do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). "Isso não significa que a qualidade dos produtos brasileiros é superior ao do resto do mundo".

A razão para o número de recalls ter aumentado nas últimas décadas tem a mesma explicação. Ao contrário dos anos 90, quando os fabricantes produziam quase tudo no carro: bancos, volantes, etc, hoje, estima-se que apenas 35% do que é colocado em um veículo seja da própria montadora.

Defeito histórico
O caso mais famoso de defeito de fabricação na indústria é o do Ford Explorer e da Firestone, em 2000. O recall é considerado o maior da história e envolveu 6,5 milhões de unidades de pneus que equipavam, principalmente, o utilitário esportivo. O problema estava no desprendimento da banda de rodagem do pneu. O defeito causou mais de 400 capotamentos e 200 mortes.

Números no Brasil

35 Recalls de 459 mil veículos foram feitos em 2009; em 2008 foram 27; em 2005, apenas 26, para 184 mil veículos.

Saiba mais

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) O que é recall?
O recall é um “chamado de volta” do veículo à fábrica para reparação de defeitos, principalmente aqueles que envolvem itens de segurança.

2) Por que eles são feitos?
Geralmente as montadoras fazem esse tipo de convocação quando detectam algum problema - como erro de projeto ou defeito de fabricação em componentes ou ainda falha na montagem
do veículo -, que coloque em risco o automóvel ou seus ocupantes.

3) Como eles são feitos?
O recall costuma ser feito por meio de anúncios públicos - em rádios, TVs, jornais ou revistas - de forma a alertar aos clientes sobre a ocorrência. Em alguns casos, esses chamados são feitos por correspondência enviada diretamente aos proprietários dos veículos.

4) Quais são os tipos de recall?
Existem basicamente três tipos de recall. O mais simples deles, não chega a ser uma convocação: a fábrica aciona as revendas da rede, que fazem os reparos solicitados sem conhecimento do proprietário. Em geral a troca de peças ocorre quando o veículo é deixado na revenda para executar algum conserto em garantia. Outra forma de recall é quando o proprietário é convocado diretamente por correspondência. E, por fim, o recall público, quando o assunto envolve componentes de segurança do veículo.

5) Como saber se o veículo está incluído na convocação?
Nessas convocações são fornecidos o modelo e ano do carro, assim como a série de produção dos veículos sujeitos a defeitos, identificada pela numeração do chassi. Veja se o seu veículo figura entre os números de início e final dessas séries. Atenção: a montadora não pode dar prazos limitados para fazer o recall.


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