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Foto: Divulgação
A Organização Mundial do Comércio (OMC) está se omitindo no caso da desvalorização artificial do iuan, que dá mais força aos produtos chineses para competir no mercado internacional. A acusação é de Roberto Giannetti da Fonseca, diretor de Comércio Exterior e Relações Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). "A OMC existe para regular as trocas comerciais e coibir práticas que distorçam o poder de competição dos países, mas se recusa a entrar na seara cambial, que é o principal palco da batalha hoje. Mais do que uma simples censura, a OMC deveria aplicar sanções à China pelo iuan estar subvalorizado desse jeito", afirma.
A China está em transição no processo de adesão à OMC, só devendo se tornar membro pleno em 2015. Segundo Giannetti, as normas da organização lhe dão o direito de, nesse período, aplicar salvaguardas em favor de países prejudicados pelos atos do governo que está aderindo. A questão também pode ser provocada por qualquer nação, mas todas evitam bater de frente com a terceira maior potência mundial. "Qualquer um pode pedir medidas para garantir igualdade de condições na concorrência, mas todos temem retaliações porque têm ligações comerciais grandes com os chineses", atesta. O Brasil, por exemplo, depende do parceiro em minérios, metais, papel e celulose, soja e outros alimentos.
O diretor da Fiesp admite que é difícil medir o tamanho do prejuízo que a China causa ao Brasil no mercado externo, mas afirma que ele passa de "vários bilhões de dólares". Na competição pelas compras de terceiros, setores brasileiros como vestuário, calçados, móveis, produtos siderúrgicos e metalúrgicos têm dificuldades para desbancar os chineses, muito mais baratos. Em abril de 2009, a China superou os Estados Unidos como principal comprador dos nossos produtos. No ano, essa participação foi de 13,2% do total contra 10,2%. Entre janeiro e novembro, as vendas internacionais para o país asiático foram de US$ 18,8 bilhões, enquanto as para os EUA ficaram em US$ 14,4 bilhões.
Apesar das reclamações, os números da balança continuam favoráveis ao Brasil. As exportações para a China cresceram 23,1% em 2009, principalmente por causa do minério de ferro, soja em grão, siderúrgicos, celulose, plásticos e cobre. Como reflexo da forte recessão nos Estados Unidos, os embarques para lá caíram 42,4%, em especial de petróleo, máquinas e equipamentos, metais, aeronaves e aparelhos eletroeletrônicos. As importações vindas da China caíram 19,7%, enquanto as dos EUA, 20,9%. O Brasil teve um superavit comercial de US$ 4 bilhões com os chineses e um deficit de US$ 4,5 bilhões com os norte-americanos. O saldo positivo total das relações comerciais brasileiras com o mundo foi de US$ 24,6 bilhões.
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