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Depois de atravessar um "ano de sobrevivência", as fabricantes de máquinas e equipamentos para a indústria de celulose e papel apostam em recuperação dos negócios na América Latina a partir da segunda metade de 2010. A expectativa de anúncio de grandes investimentos em celulose e perspectivas de crescimento sustentado na demanda tanto pela matéria-prima quanto por papel, associado a elevadas taxas de ocupação, deverão render, mais adiante , novos contratos para os fornecedores instaladas no país. Porém, até o momento, esse cenário não se refletiu em aumento das consultas ou encomendas nacionais junto aos fabricantes de equipamentos.
"Pode haver um impulso maior nos negócios em 2011. Mas, por enquanto, o que há são intenções de investimento", afirma o presidente da Voith Paper América do Sul, Nestor de Castro Neto. Na Metso Paper, que também está no grupo das grandes companhias mundiais dessa indústria, a percepção é a de que houve melhora de humor entre o fim do ano passado e o início de 2010. Mas, a celebração de novos contratos deve ficar pelo menos para o segundo semestre.
Em linhas gerais, as dificuldades enfrentadas pelas fabricantes de equipamentos para celulose e papel, na esteira da crise econômica, foram comuns a praticamente todos os segmentos de bens de capital. Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos (Abimaq ), em 2009, o faturamento do setor recuou 17,9%, para cerca de R$ 64 bilhões - descontada a inflação, a queda alcança 20%.
Mas esse segmento acabou sentindo com mais força o golpe da crise econômica por conta da drástica desvalorização dos preços da celulose e de problemas pontuais, como o enfrentado pela Fibria, empresa resultante da fusão de Aracruz e Votorantim Celulose e Papel (VCP), que congelou seus investimentos também em razão de dívidas decorrentes do episódio com derivativos vivido pela Aracruz.
"Com a crise, todo mundo congelou projetos e a Fibria, que é a maior do setor e tinha alguns projetos engatilhados, jogou ainda mais água fria", diz uma fonte do setor de máquinas.
A partir da melhora do cenário econômico mundial e da recuperação dos preços internacionais da celulose, indica a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), os produtores brasileiros começaram a se preparar para anunciar investimentos no parque fabril, o que deve ocorrer até o início do segundo trimestre.
"Estamos entrando em uma fase de retomada de investimentos", disse a presidente da entidade, Elizabeth de Carvalhaes, em janeiro, ao apresentar o balanço do setor em 2009.
Pelo menos duas grandes produtoras de celulose, Suzano Papel e Celulose e a própria Fibria, já tornaram pública a intenção de investir em expansão, porém o prazo para o investimento efetivo não foi fixado. Novata na indústria, a Eldorado Celulose, joint venture entre o empresário Mário Celso Lopes, da Florestal Investimentos Florestais, e a holding J&F, controladora da JBS Friboi, anunciou que pretende erguer uma fábrica em Três Lagoas (MS). O projeto, contudo, ainda está em fase de licenciamento.
Ainda em celulose, a chilena CMPC, que comprou a fábrica de Guaíba (RS) que pertencia à Aracruz, sinalizou que poderá pagar uma multa de US$ 250 milhões para antecipar o projeto de expansão da unidade, o que, por contrato, só poderia ocorrer a partir de 2015.
Na área de papel, a International Paper (IP) Brasil adiou para o fim do ano a decisão sobre uma nova linha também em Três Lagoas (MS) e a Klabin retomou estudos de investimento em capacidade em papelão ondulado, em decorrência dos resultados melhores do que o esperado em 2009.
Conforme estudo da Bracelpa, em breve deve ser iniciado um novo ciclo de investimentos da indústria, com aportes de aproximadamente US$ 20 bilhões até 2017. Executados esses investimentos, o Brasil poderá superar a líder China no ranking de produção de celulose, com capacidade instalada para 20 milhões de toneladas ao ano da matéria-prima. Porém, os projetos já conhecidos somente devem resultar na contratação de equipamentos a partir de 2011.
"O ano passado foi de sobrevivência. Mas, a partir do quarto trimestre, já houve início de um processo de recuperação", conta o presidente da Metso Paper South America, Celso Tacla. No fim do ano passado, a empresa recebeu um contrato para geração de energia para a CMPC Santa Fé, no Chile, e outro também para geração de energia e modernização da CMPC Laja.
Porém, o começo de 2009 foi complicado e envolveu a dispensa de funcionários com vistas a adequar a capacidade à demanda, o que acabou reduzindo os custos operacionais entre 15% e 20%. Além destes projetos, a Metso fornecerá à Fibria, em algum momento, equipamentos que já haviam sido contratados para a expansão em Guaíba, vendida aos chilenos no ano passado. "A Fibria não vendeu os contratos da Metso relacionados à expansão. Assim, temos contratos que tiveram seu prazo de implantação estendidos", disse o executivo.
A Voith, por sua vez, tem em carteira para 2010 a entrega de uma máquina de papel jornal na Venezuela e uma de tissue (papel absorvente) no México. Outros dois contratos de tissue foram firmados com companhias no Canadá e no Brasil. "Eram investimentos que já estavam previstos. Dos novos projetos, por enquanto, não há nem consultas". No ano passado, o faturamento da unidade alcançou R$ 600 milhões, cifra que deve se repetir em 2010.
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