Fonte: O Estado de São Paulo - 30/04/07
Os Estados Unidos aceitarão reduzir as emissões de gases, mas sem fixar uma percentagem concreta. A decisão pode ser anunciada na cúpula com a União Européia (UE), que será realizada na próxima segunda-feira, em Washington.
A cúpula Estados Unidos-União Européia emitirá uma declaração sobre energia e mudança climática (além de um documento sobre questões políticas e outro econômico), cujo texto conterá o compromisso de reduzir as emissões.
A União Européia preferia que os Estados Unidos aceitassem um número concreto para o aumento máximo das temperaturas (que segundo as fontes diplomáticas, seria de 2 graus centígrados), porém está satisfeita com o passo dado.
"Embora algumas pessoas afirmem que os EUA não se movimentaram e não têm objetivos quantitativos, acreditamos que está tudo bem", disseram fontes européias, que indicaram que a UE espera que o país "aja de maneira mais progressista".
Os líderes da UE se comprometeram, em março, a reduzir as emissões européias em 20% até 2020 (considerando os níveis de 1990), mas se mostraram dispostos a elevar a taxa para 30%, caso outros países industrializados firmassem compromissos similares.
O documento, que será emitido na segunda-feira por Estados Unidos e União Européia, foi objeto de intensas negociações nos últimos dias, ao contrário do econômico e do político, sobre os quais havia um acordo generalizado. Na versão atual, o documento assinala o compromisso de reduzir as emissões até um nível suficiente para impedir que influenciem o clima, afirmaram as fontes.
O texto assinala que a luta contra a mudança climática é "responsabilidade dos países industrializados e das principais economias emergentes", e "requer ações decididas de acordo com as circunstâncias nacionais". Esse parágrafo é considerado preocupante, uma vez que os Estado Unidos exigem que as principais economias em desenvolvimento do planeta, como China e Índia, também façam parte da luta contra a mudança climática.
No campo energético, será discutida a necessidade de diversificar as fontes energéticas (incluindo as renováveis) e as vias de fornecimento, assim como a integração da China e da Índia nos mercados internacionais do setor.
O texto da segunda-feira será o ponto de partida para as discussões sobre a mudança climática da cúpula do G8 (sete países mais industrializados do mundo e a Rússia), que ocorrerá entre os dias 6 a 8 de junho, na Alemanha (país que ocupa a Presidência rotativa da União Européia este semestre), e para a conferência que será realizada em Bali (Indonésia), no final de ano, para começar a negociar o acordo que substituirá o atual Protocolo de Kyoto.
Assim, a declaração de Washington pedirá que se "trabalhe com outros países" para conseguir resultados na cúpula do G8 e promover "uma agenda construtiv" em Bali. "Acreditamos que tivemos êxito em levar os Estados Unidos para dentro do debate político sobre a mudança climática", disseram as fontes.
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