Metalúrgicos ampliam paralisações

Sem proposta viável das empresas, os sindicatos de metalúrgicos do Estado de São Paulo e do Paraná ampliam a greve

Foto: AE

Sem proposta das empresas de aumento real de salários (acima da inflação), os sindicatos de metalúrgicos do Estado de São Paulo e do Paraná ampliam a greve nas montadoras e autopeças. Ontem, mais de 10 mil trabalhadores paralisaram o turno da manhã da Mercedes-Benz, Scania, Ford, Rassini, Mahle Metal Leve e Karman Ghia, todas de São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
Em São José dos Campos, cerca de 7 mil metalúrgicos do primeiro e segundo turnos da General Motors também cruzaram os braços por 24 horas.

Os sindicalistas prometem mais paralisações para hoje. Em Diadema, no ABC, os metalúrgicos devem parar o primeiro turno das autopeças Autometal, TRW e Delga, que somam mais de 2,2 mil trabalhadores.

Com data-base em 1º de setembro, os metalúrgicos pressionam as empresas na tentativa de romper o impasse nas negociações da campanha salarial. Em reunião realizada ontem, as montadoras insistiram na proposta de reposição das perdas com a inflação, cuja variação deve ficar ao redor de 4,7% no acumulado de 12 meses até setembro.

Está marcada para hoje, 11, a última rodada de negociação com os sindicatos patronais, cujo resultado poderá definir se a categoria vai ter aumento real, como reivindica, ou se parte para a greve por tempo indeterminado a partir de segunda-feira.

Os metalúrgicos do ABC e de outros sindicatos ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Estado de São Paulo exigem aumento real de salários em índice a ser definido na negociação. Já o Sindicato de São José dos Campos, ligado à Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), quer 14,65% de reajuste, o que representa 8,53% de aumento real.

Para São José, as montadoras apresentaram proposta rebaixada, com reposição apenas da inflação, de forma escalonada. O índice cheio valeria apenas para quem ganha até R$ 6 mil. A partir daí o índice seria ainda menor.

"É provocação", avaliou o presidente do sindicato, Vivaldo Moreira. "Além de ser o que mais se beneficiou da ajuda do governo com isenção de impostos, o setor automotivo ainda demitiu trabalhadores."

Na manifestação em São Bernardo, os metalúrgicos começaram a se reunir antes das 6 horas da manhã e fizeram uma caminhada de quase um quilômetro. Eles se reuniram em torno do carro de som do sindicato munidos de bandeirolas e placas de protesto com frases do tipo "Aumento, já" e "Chega de enrolação".

"Se for necessário, vamos tomar as ruas novamente", advertiu o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sergio Nobre, para em seguida emendar: "Queremos aumento real, não é, companheirada?"

Em Curitiba, os 2,6 mil metalúrgicos da Volvo do Brasil podem iniciar uma greve na próxima segunda-feira, se as negociações com a direção da empresa não evoluírem.

Ontem , os trabalhadores fizeram paralisação de apenas uma hora, no início da manhã, como forma de protesto contra a proposta apresentada pela montadora. Ela prevê reajuste de 4,44% e R$ 1,5 mil de abono em setembro.

Para o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, com essa proposta os trabalhadores não teriam nenhum aumento real. Eles querem 10% de reajuste, o que inclui aumento real além da inflação, e abono de R$ 2 mil.

A assessoria da Volvo disse que o posição do sindicato, que já ameaça com greve para segunda-feira, foi uma "surpresa", em razão de as negociações ainda estarem em andamento.

Os cerca de 8,5 mil trabalhadores da Volkswagen/Audi e da Renault/Nissan, ambas em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, mantiveram a greve por tempo indeterminado. Na Volkswagen, a paralisação começou no dia 3, enquanto na Renault os trabalhadores pararam no dia seguinte.

O sindicato estima que foram deixados de fabricar 8.660 veículos, até agora. Os metalúrgicos devem se reunir em assembleia na segunda-feira, independentemente de haver novas propostas das empresas.


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