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Ao identificar o intervalo mais eficiente para a adoção de uma velocidade de corte, é possível obter maior economia e produtividade nas usinagens
De acordo com a teoria da velocidade econômica desenvolvida por Taylor, é possível identificar o intervalo de máxima eficiência para a adoção de uma velocidade de corte. O conhecimento deste intervalo permite adequar o fluxo de produção entre a máxima economia ou a máxima produtividade da usinagem, em função do que for mais interessante em um determinado momento.
De modo genérico, utilizando-se velocidades abaixo da de mínimo custo, a produção se encarece, devido ao tempo de usinagem que aumentará, gerando um custo maior por peça produzida, pois ao se distribuir o valor da hora/máquina por um menor volume de peças, cada peça, individualmente, custará mais.
Por outro lado, ao se adotar velocidades acima da de mínimo custo, até um determinado ponto, obtém-se a vantagem de um volume maior de peças produzidas por hora, embora a um custo superior, devido ao aumento do consumo de ferramentas. Porém, quando a velocidade de corte for muito alta, fazendo com que as paradas de máquina para troca de ferramentas sejam tão frequentes que a produção horária de peças comece a cair, perde-se a vantagem mencionada anteriormente e fica-se apenas com o custo superior.
Por esta razão, é interessante que se atue sempre entre os dois extremos, pois fora deles não se tem qualquer vantagem – nem economia, nem produtividade.
Conforme já mencionado, velocidades de corte mais elevadas implicam custos com ferramentas mais dispendiosos; contudo, quanto mais próximo de zero for o lote de peças, relativamente menos importante se torna a resistência da ferramenta, pois, quando o volume de serviços é mínimo, o número de paradas de máquina, para a substituição da aresta, também tende a zero. Assim, se o lote for de uma única peça – ainda que se aumente consideravelmente a velocidade de corte –, a máquina seria parada de qualquer forma ao término do trabalho.
Os custos improdutivos gerados com o manuseio de máquinas e ferramentas ficam muito mais evidentes nos casos de produção em massa. Entretanto, nos lotes com poucas peças a ordem de produção é encerrada antes que o operador se dê conta de quanto uma ferramenta é melhor ou pior.
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Alguém que trabalhasse só com lotes pequenos e desejasse fazer um teste comparativo entre duas pastilhas de metal duro, por exemplo, teria que acompanhar o quanto de serviços cada uma realizou até que chegasse ao fim da vida – ou seja, uma análise de currículo de produção. No total de serviços realizados, quantos metros teriam usinado cada uma delas? Que volume total de cavacos teriam removido? Quantas peças em desbaste, quantas em acabamento? E assim por diante.
Ao fim de alguns acompanhamentos, seria possível identificar a pastilha mais realizadora, ou seja, aquela capaz de promover o melhor custo–benefício. Reforçando, o prejuízo por se adotar uma ferramenta inadequada é mais evidente em produções em massa; contudo, perde-se muito dinheiro com ferramentas inadequadas na produção de lotes pequenos, justamente porque isto é menos visível. E tudo o que é menos visível tende ao desprezo.
Ao se trabalhar com lotes de poucas peças, e não se pensando em tirar o máximo proveito de uma ferramenta em serviços futuros, uma alternativa é adotar a máxima velocidade permitida pela potência da máquina, obviamente levando-se em conta o acabamento desejado na peça e os limites da pastilha em termos de assistência mecânica,considerando também uma formação aceitável dos cavacos.
Quanto maior for o volume de peças a ser poduzido e quanto mais frequente for a sua reincidência na produção, mais fácil será justificar o investimento em um ferramental mais sofisticado para a sua execução, e vice-versa.
Para um volume anual de alguns milhões de peças, um ferramental mais sofisticado e custoso é mais que justificável, pois nesses casos até mesmo a construção de uma máquina especial para a produção dedicada pode tornar-se viável. O ganho de um segundo no tempo de usinagem de uma peça de lote único significa bem pouco; porém, o ganho desse mesmo tempo na produção de dois milhões de peças significaria a economia de dois milhões de segundos – ou 555 horas –, que passaria a ser um valor importante.
Assim, quanto maior o volume de serviços, mais se torna interessante a utilização de ferramentas distintas para acabamento e desbaste, enquanto que para lotes pequenos a mesma ferramenta utilizada no desbaste pode ser também utilizada para o acabamento, economizando assim uma troca de ferramentas. Todas as considerações acima são bastante óbvias, mas nem sempre observadas. Por esta razão, pode-se afirmar que muito da competitividade da indústria da usinagem se perde, ainda hoje, justamente por isso: pela falta de observância do óbvio.
Francisco Marcondes
Gerente de Marketing e Treinamento Técnico da Sandvik Coromant do Brasil
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