Máquinas e equipamentos têm queda de 32% no ano


O déficit da balança comercial de máquinas e equipamentos mecânicos em maio foi de US$ 888,40 milhões, 1,6% maior do que no mesmo mês de 2008. No acumulado dos cinco primeiros meses, o déficit foi 32,3% superior ao do mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq).

José Velloso, vice-presidente da Abimaq, lembra que as exportações do setor caíram 29,6% de janeiro a maio, enquanto os desembarques tiveram queda de 1,8%. Para Júlio Sérgio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica, a queda menor da importação de bens de capital em relação aos bens intermediários contribuiu de forma significativa para acentuar o déficit comercial da indústria de transformação.

Mesmo com a crise, diz Almeida, foram mantidas as compras de máquinas importadas mais sofisticadas, destinadas a obras de infraestrutura ou outros projetos de longo prazo. Alguns desses embarques, explica, podem ser resultado de contratos assinados antes da crise. “Esse tipo de investimento não parou, apenas pode ter sofrido redução no ritmo. Por isso, a importação foi mantida.” Segundo Velloso, da Abimaq, as importações de máquinas foram impulsionadas a partir de maio com as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), considera a situação de bens de capitais mais preocupante porque há um excesso de oferta de outros países que pode ser direcionada para o Brasil, onde ainda há demanda. Almeida concorda que esse fator também pesou na importação de máquinas. “Isso gerou maior concorrência, com redução de preços e assédio ao mercado brasileiro.”

Segundo dados da Abimaq, a importação de “componentes e máquinas para indústria”, rubrica que inclui as partes e peças usados como produtos intermediários pelos fabricantes de máquinas, caiu 14,7%. No mesmo período, os desembarques de máquinas para infraestrutura, logística e indústria de base aumentaram 8,5%. Esse grupo participa com 36,2% da pauta de importações do setor.

O dado chama mais atenção porque a produção nacional de máquinas caiu significativamente, lembra Almeida. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a retração na produção de bens de capital foi de 22,8% no acumulado de janeiro a maio em comparação ao mesmo período de 2008.

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