Foto: Divulgação
A economia brasileira conta, cada vez mais, com um número maior de máquinas importadas para produzir seus bens de consumo. Com novas demandas surgindo, a perspectiva é de que essa presença torne-se ainda mais essencial para impulsionar a exploração do petróleo na camada de pré-sal, as construções para os jogos da Copa de 2014 e até a implementação de trem bala e ampliação de linhas de metrô no País.
Flávio Castelo Branco, gerente executivo de políticas econômicas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), esclarece que a entidade entende a necessidade da importação. "Com a globalização, toda a cadeia produtiva é muito ligada ao exterior. Nem faz sentido querer ser completamente independente, mas é importante garantir a capacidade de produção do País, com desonerações tributárias, financiamentos e estímulo ao investimento", analisa.
O gerente explica que a importação é capaz de atualizar o parque industrial nacional e aumentar o nível tecnológico dos produtos produzidos aqui. Para manter um equilíbrio saudável entre as compras externas e a produção de bens de capital no País, diz ele, a CNI preza por uma integração competitiva do cenário internacional. "Não somos anti-importação, trabalhamos por uma concorrência justa. Acredito que se uma máquina tem mais qualidade, tecnologia ou é mais adequada a um determinado projeto, ela deve ser escolhida por isso e não por uma concorrência desleal", acrescenta Castelo Branco.
A CNI enxerga a ABIMEI de forma positiva. "Acho extremamente importante que exista uma associação para organizar este setor e acredito que é por estes ideais que a entidade e seus associados devem batalhar", afirma. Segundo ele a indústria nacional está trabalhando com 79% da capacidade instalada e tem folga para aumentar a produção sem comprar novas máquinas. Dessa forma, a demanda deve ser fraca nos próximos meses "e, sem uma competitividade justa, podemos prejudicar a produção nacional".
O Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) também defende que a indústria precisa de bens de capital estrangeiros. "Nosso país está inserido no cenário dos negócios mundiais, ou seja, vendemos e compramos. No caso das máquinas, a importação de itens que não têm similares nacionais é necessária e bem-vinda", esclarece o presidente Paulo Butori. "Como representante de entidade de classe, vejo com bons olhos a organização dos setores em entidades representativas, que compreendam e defendam seus representados. A ABIMEI cumpre esse papel".
Câmaras destacam transferência de tecnologia
Representantes e subsidiárias de empresas da Suíça inserem no Brasil máquinas reconhecidas pela alta qualidade e durabilidade. Para a Swisscam (Câmara de Comércio Suíço-Brasileira) esta relação é essencial. "Estas máquinas tem um papel muito importante, pois trazem a alta tecnologia que o Brasil ainda não possui e permitem às empresas brasileiras competir em nível nacional e internacional com os produtos e processos gerados por estas máquinas", avalia o diretor executivo, Stephan Buser.
Para ele, a existência da ABIMEI para representar este segmento facilita o acesso de empresários brasileiros e estrangeiros a outros mercados e tecnologias. "Através da ABIMEI estes executivos podem conhecer a vasta oferta de soluções que as máquinas e equipamentos importados oferecem hoje em dia", sustenta.
Marcelo Scalise, responsável pelas relações internacionais da Kotra (Agência de Comércio e Investimento da República da Coréia), concorda que a importação de máquinas é necessária para a manufatura local e impulsiona o desenvolvimento do mercado interno. "Sem elas, vários setores perderiam competitividade global em seus produtos. Muitas vezes máquinas importadas são mais baratas do que as produzidas nacionalmente, o que reduz o investimento para modernização de plantas fabris no Brasil", destaca.
Scalise ressalta que a Coréia tem grande interesse no País por conta da necessidade brasileira de equipamentos para as mais diversas aplicações. "Desenvolvemos negócios na construção de plantas industriais, desde a fundação até o maquinário necessário para abertura de uma fábrica. É uma opção de qualidade aos equipamentos tradicionalmente vindos da Alemanha, Itália e Japão, com menos custo para as empresas brasileiras", assegura.
O ICE (Instituto Italiano para o Comércio Exterior) avalia que as importações do de máquinas-ferramenta e equipamentos industriais estimulam o crescimento a médio e longo prazo da indústria brasileira de máquinas "uma vez que a impele a desenvolver novos produtos e sistemas produtivos que lhe permitam permanecer competitivas diante da concorrência internacional", segundo o analista de mercado do ICE, Ronaldo Padovani.
Para ele, mercados fechados tendem a tornar-se obsoletos. "A falta de concorrência desestimula a busca de inovações", afirma. Outra vantagem, em sua opinião, é que a importação de máquinas permite também que os usuários tenham acesso rápido ao que surge de mais moderno e produtivo, independentemente do mercado de origem, gerando assim redução de custos e melhora da qualidade.
Conforme informações do ICE, a produção italiana de bens de capital é de cerca de " 23,5 bilhões por ano, ocupa a 2ª posição mundial e detém quase 10% do desenvolvimento mundial de máquinas. A entrada destes produtos no Brasil representa o acompanhamento das modernizações que acontecem em outras regiões do mundo. A corrente comercial entre os dois países chegou a US$ 5,5 bilhões em 2008, um crescimento de 18% ante o ano anterior.
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