Oito tecnologias para reduzir 7 gigaton de gás carbônico

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O Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima (IPCC) recomenda que a concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera seja de 450 partes por milhão em 2020 para evitar as piores previsões de mudanças climáticas. Para alcançar isto, é preciso reduzir as emissões de CO2 em cinco a sete gigatoneladas.

Frente a tantas discussões e intransigência de países temerosos com os dados econômicos de metas altas de redução de gases do efeito estufa (GEEs), chegar aos números do IPCC parece algo utópico.  Porém, um grupo de executivos do setor de tecnologias limpas, cientistas e investidores dos Estados Unidos, não vê o quadro com tanto pessimismo.

Segundo eles, basta investir em oito tecnologias disponíveis hoje no mercado para cortar as emissões de GEEs mais do que o necessário para estabilizar o clima em 10 anos e ainda fornecer 60% da nova demanda energética.  Isto traria ainda um benefício extra: a geração de cinco milhões de empregos.

Em 150 páginas do relatório “Gigaton Throwdown”,  o grupo busca redefinir o que é possível no campo de energias limpas em 2020, analisando nove tecnologias que já atraem investimentos hoje. E a métrica que escolheram para isso é um tanto incomum: a escala giga.

Para alcançar o que o relatório chama de “escala de gigatoneladas”, uma única tecnologia precisa reduzir os GEEs em pelo menos um bilhão de toneladas – uma gigatonelada – por ano em 2020. Para uma tecnologia de geração elétrica, isto equivale a ter uma base instalada de 250 gigawatts de energia livre de carbono (com fator de capacidade de 95%).

Das nove, oito se mostraram capazes de atingir esta escala na próxima década e sete estão prontas para terem uma escalada agressiva na produção hoje: biocombustíveis, energia nuclear, energia solar concentrada, painéis fotovoltaicos, eólica, construções eficientes e avanços na produção de materiais de construção.

A oitava tecnologia estudada foi a energia geotérmica, que exigiria um período intenso de pesquisa e desenvolvimento e usinas pilotos para chegar a escala de gigatoneladas.  E a nona, os veículos elétricos híbridos plug-in, só alcançaria o objetivo da iniciativa Gigaton Throwdown se, a partir de 2010, só fossem produzidos este tipo de carro.

Custos
Fazer com que estas tecnologias alcancem a escala desejada exigiria que os investimentos privados mundiais triplicassem de agora até 2020 para alcançar de 500 a 800 bilhões de dólares anuais. “Nesta escala, os investimentos em energias limpas estariam alinhados com os em combustíveis fósseis”, afirma o relatório.

Apesar de parecer um plano muito audacioso, os autores lembram que o volume de recursos financeiros para manter e expandir a infra-estrutura energética são da ordem de US$ 13 trilhões nos próximos 10 anos. Somente os Estados Unidos, planeja investir cerca de US$ 1 trilhão.

O fundador da Gigaton Throwdown, Sunil Paul, diz que o objetivo é ambicioso, porém totalmente alcançável se empregados trabalho duro e um esforço conjunto de governo, empresas e investimentos privados.

“Existe uma grande quantidade de capital nas beiradas que está sendo empregado em combustíveis fósseis e que pode ser divergido para estas novas tecnologias, mas isto exigiria um mercado para estruturá-lo corretamente”, afirmou Paul ao jornal Business Times, de São Francisco (Califórnia). “A entidade que faria isso seria o governo.”

Na avaliação do assistente do Presidente para Ciência e Tecnologia, John P. Holdren, o relatório combina pontos em destaque no campo de tecnologias limpas para transformar os níveis necessários de proteção climática e segurança energética em uma rota para parcerias entre laboratórios e empresas.

“Investimentos em tecnologias limpas – e políticas para incentivar tais investimentos – podem ter um belo retorno em empregos e crescimento econômico ao mesmo tempo em que reduzem a nossa dependência do petróleo estrangeiro e amenizam os impactos das mudanças climáticas”, disse Holdren, que também é diretor do Escritório de Políticas Científicas e Tecnológicas.

Liderança tecnológica
O relatório é ainda uma mostra da sede por liderança típica de empresários de um país líder que vê seu posto ameaçado por outras nações emergentes, como a China. “Francamente, eu estou cansado de ver avanços tecnológicos excepcionais no campo das energias renováveis se tornarem um grande negócio na Europa ou Ásia quando eles podem tão facilmente se tornar empresas multibilionárias aqui”, comentou o pesquisador Dan Kammen, da Universidade de Berkeley, na Califórnia, durante o lançamento do documento, na última semana.

Entre os autores do estudo, estão pesquisadores das Universidades de Berkeley, de Michigan, de Stanford e de Drexel e do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT).

A lista de signatários da Iniciativa inclui ainda pesos-pesados do setor de energias limpas do país, como o diretor da Draper Fisher Jurvetson, Raj Atluru; o diretor da Suntech Energy Solutions, Andrew Beebe; o CEO da AltaRock, Dan O’Shei, e o CEO da eSolar, Bill Gross.

Em uma carta endossando o relatório, estes empresários concordam que é preciso colocar um preço sobre o carbono a longo prazo para dar as bases para a inovação massiva e o crescimento de energia limpa. “Sem tal política, o caminho para as tecnologias de energia limpa irão crescer lentamente e na maior parte dos casos irão falhar em afetar as mudanças climáticas.”