Foto: Divulgação
A montadora chinesa Chery faz os últimos preparativos para entrar no Brasil ainda em julho. Vem disposta a ocupar uma boa parcela do mercado brasileiro no prazo de um ano e meio. A fabricante chega associada ao grupo paulista JLJ, de Salto, interior de São Paulo, e começa oferecendo ao consumidor o utilitário Tiggo, que começou a ser montado no Uruguai. A intenção da empresa com esse modelo é tomar mercado do EcoSport, da Ford.
A meta da Chery é ambiciosa: neste ano já pretende vender 3 mil veículos no país. Para isso, planeja para setembro trazer mais três modelos, que virão da China. Em 2010, quando espera já ter uma rede de 80 concessionárias ofertando seus veículos, prevê comercializar 15 mil.
Ignácio de Moraes Júnior, presidente do grupo JLJ, garante que já tem 30 concessionários comprometidos com a Chery nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. Metade desse número, segundo a empresa, que preferiu não revelar nenhum nome pois ainda fecha acordos, está certa e outro tanto ainda em fase final de assédio para mudar de bandeira.
Escolhido pela Chery para ser seu representante no país, o grupo JLJ é mais conhecido por sua atuação no ramo de alimentação pronta, com a empresa Nutriplus. Além desse negócio, está presente na construção civil, distribuição de combustíveis, transporte e logística de cargas, reflorestamento, segurança patrimonial e distribuição e locação de veículos. O faturamento previsto para este ano é de R$ 300 milhões, sendo 60% oriundo do negócio de alimentação.
Além do Tiggo, completo e com motor 2.0, e que terá preço na faixa de R$ 49 mil, a chinesa vai competir no Brasil com o Chery Face, um monovolume compacto com motor flex 1.3. O carro vai brigar no mercado do Polo, da VW. O valor de venda é estimado em R$ 30 mil.
A montadora também apostará no mercado de carro popular. Neste caso, contará com o QQ, veículo super compacto, à gasolina, de motor 1.1. O objetivo é brigar, com um preço na faixa de R$ 20 mil, com o Uno Mille, da Fiat, um carro que resiste há mais de uma década no mercado.
O Chery A3, ainda sem nome no Brasil, é outra aposta da montadora. É um hatch/sedan, à gasolina, motor 1.6, com sistema de freio ABS e air bag duplo.
A concorrência da Chery no país não se resumirá às tradicionais marcas Ford, GM, Fiat e VW, às francesas Renault e Peugeot e às japonesas Honda, Toyota e Mitsubishi. Pelo menos outras quatro marcas chinesas já estão presente no mercado brasileiro.
As conterrâneas são a Effa Motors, Chana, Hafei Motor e Jinbei. Para efeito de comparação, somadas, as quatro marcas possuem 56 concessionárias, o que demonstra que o objetivo da Chery em número de revendas não vai ser fácil de ser alcançado no curto prazo, como é sua meta.
No caso das marcas coreanas, três estão presentes no Brasil - a Kia, a Hyundai - que anunciou projeto de uma fábrica em Piracicaba (SP) - e SsangYong. A Kia, que está no país desde 1992, somente no fim do ano passado conseguiu ultrapassar a marca de cem concessionárias.
Conforme os dados de janeiro a maio da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), as marcas coreanas detêm fatias de mercado mais significativas no segmento de comerciais leves. A Hyundai é a quinta colocada (7,7%) e a Kia, a nona (2,3%).
Erguida na província de Anhui com capital estatal há 12 anos, segundo Moraes, a Chery tem capacidade para fabricar até 1 milhão de veículos por ano. Para 2009 estão previstas 800 mil unidades. O plano no Brasil inclui uma fábrica, mas que dependerá da aceitação da marca pelo consumidor. "A Chery fez pesquisas e verificou que tem mercado", afirmou. O investimento seria de US$ 700 milhões para fazer 150 mil veículos ao ano.
"Nosso maior desafio é introduzir a marca Chery no Brasil e abocanhar uma fatia de mercado que justifique fazer a fábrica", disse o empresário, formado arquiteto e administrador de empresas. Segundo ele, a definição pelo projeto não sairá antes de um ano. "Será feito um amplo estudo técnico de locais e as vantagens de cada um - logística, mão de obra, parque fornecedor de autopeças e energia".
A aproximação da JLJ com a montadora se deu primeiro por meio do ramo de alimentos, relata Moraes. A Nutriplus, que fornece alimentação a escolas, hospitais e indústrias, negociou uma joint venture com a China BBCA Group, maior estatal chinesa de alimentos e ácido cítrico, para exportar gêneros alimentícios a partir da América Latina, alcançando o país pelo porto de Xangai. A BBCA participou da criação da Chery.
No momento, as duas empresas estão montando uma unidade distante 90 km de Xangai, cujo projeto está orçado em US$ 25 milhões. A parceria, que terá 51% do capital em poder da Nutriplus, objetiva faturar US$ 100 milhões numa primeira fase e atingir até US$ 1 bilhão no futuro. O sócios discutem ainda a construção de uma fábrica de ácido cítrico no Brasil a partir da cana-de-açúcar.
A Nutriplus, fundada em 1982 e refundada pelo empresário em 1989, no momento é alvo de investigação do Ministério Público de São Paulo de envolvimento em irregularidades e formação de cartel no fornecimento de alimentação para escolas da capital paulista. A empresa nega e diz que "nunca integrou nenhuma reunião, seja com empresas do seu segmento ou de segmentos afins, para combinar preços ou outro procedimento visando a participação em processos licitatórios".
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