As indústrias necessitam de bons pesquisadores para poder inovar e alcançar o crescimento. Sabendo disto, o Sistema Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná) vem apoiando a inserção de novos pesquisadores nas indústrias paranaenses. Através do projeto Pesquisador na Empresa, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), vem possibilitando que profissionais com cursos de mestrado e doutorado adquiram maiores experiências corporativas.
"Realizamos desde a identificação dos profissionais, com base em um perfil pré-estabelecido pelas empresas participantes do projeto, até a adaptação dos pesquisadores no ambiente de trabalho. O objetivo é preencher uma lacuna existente entre a formação acadêmica e o mundo profissional. Muitas vezes, o profissional tem um grande nível de conhecimento técnico, mas não gerencial ou mesmo comportamental", diz a coordenadora da área de intraempreendedorismo e inovação do Instituto Euvaldo Lodi, uma das entidades do Sistema Feip, Ieda Tacla.
Pelo projeto, os pesquisadores entram nas empresas como bolsistas, podendo receber de R$ 2.200 até R$ 4.500, dependendo de sua titulação e nível de experiência. Já as empresas que podem recebê-los são as micro, pequenas e médias, com receita bruta anual de até R$ 2,4 milhões. Através do Pesquisador na Empresa, as empresas podem contar com um novo profissional trabalhando em prol da inovação, sem ter maiores gastos financeiros com isso.
Já os profissionais têm a oportunidade de passar por um processo corporativo, posteriormente podendo ou não ser contratados pelo local em que atuaram. "Na maioria das vezes, os pesquisadores que vão atuar nas empresas como bolsistas estão iniciando a carreira profissional."
Segundo Ieda, são diversos os setores da indústria que necessitam de pesquisadores, como o complexo industrial da saúde, a indústria bélica, o complexo automotivo, a área de biodiesel, perfumaria e cosmético e a indústria têxtil. Porém, são consideradas estratégicas as área de tecnologia da informação, nanotecnologia e biotecnologia.
"O Brasil está em um momento de transição. As pessoas estão percebendo que não existe apenas a necessidade de se manter o parque fabril, mas também de inovar. Nesse processo de inovação, o conhecimento é fundamental. Atualmente, o que temos à disposição no mercado é a tradução de vários conhecimentos dentro de uma empresa", declara. "A inovação gera novos produtos, novos processos e novidades organizacionais."
Os interessados em participar do Pesquisador na Empresa podem obter mais informações através do site
www.antenaabgbrasil.com.br.
Pesquisa é crucial para crescimento
A indústria de medicamentos genéricos Prati-Donaduzzi, que funciona na cidade de Toledo, na região oeste do Estado, tem 200 pesquisadores em seu quadro de 2.400 funcionários. Deles, nove começaram a atuar através do Antena ABG Brasil, sendo selecionados dentro de um total de 20 encaminhados pelo projeto. Na empresa, a pesquisa e a inovação são consideradas cruciais para o crescimento. Segundo o diretor-presidente da indústria, Luiz Donaduzzi, atualmente são desenvolvidos diversas atividades de pesquisa, o que faz dos bons pesquisadores figuras essenciais. "Estamos trabalhando no desenvolvimento de novos medicamentos a partir de vegetais e temos um projeto para desenvolver novas matérias-primas para a indústria farmacêutica brasileira, já que hoje elas são importadas, fazendo com que o País fique dependente de outros países.
Além disso, temos um centro de bioequivalência, que tem como objetivo saber se um determinado genérico está tendo a mesma atividade que o medicamento de equivalência", explica. Trabalhando diretamente com pesquisadores, Luiz avalia que os mesmos, independente da área de atuação, ainda costumam sair bastante despreparados das universidades e faculdades. Por isso, a Prati-Donaduzzi também mantém um programa de formação, recrutando como estagiários estudantes dos primeiros anos de cursos de graduação. "Em média, de cada quarenta entrevistas que realizamos, pegamos dois ou três funcionários. Por isso, temos que investir em formação de pessoal.
O Antena ABG Brasil também nos ajuda, pois realiza uma seleção inicial dos pesquisadores. Acreditamos que o fator primeiro dentro de uma empresa são as pessoas."
UFPR oferece 95 cursos para pesquisadores
Além de financiar o Pesquisador na Empresa, o governo federal vem demonstrando interesse em aumentar o contingente de pessoas engajadas em pesquisas também através da abertura de novos cursos de mestrado e doutorado. Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), que investe bastante na realização de pesquisas, atualmente são oferecidos 95 mestrados e doutorados, sendo que oito são novos, tendo sido aprovados no último mês de dezembro. "Logo no início dos cursos, os alunos de mestrado e doutorado são colocados perto de mestres, doutores e professores, auxiliando em pesquisas já em andamento. Desta forma, eles percebem como a pesquisa prática ou aplicada é realizada", diz o pró-reitor de pesquisa da UFPR, professor Sérgio Scheer.
Muitas das pesquisas realizadas dentro da universidade não têm aplicação imediata. Porém, segundo Sérgio, tem havido uma preocupação cada vez maior em preparar os jovens pesquisadores para o mercado de trabalho. Por isso, diversos trabalhos também são desenvolvidas com o objetivo de atender a necessidades apresentadas por determinadas empresas ou mesmo pelo governo. Na área de graduação, existem programas de iniciação científica, nos quais são oferecidas bolsas para 20 horas de trabalhos semanais pelo CNPq, Tesouro Nacional, Fundação Araucária e empresas.