Em todo o mundo, inovações surgem para facilitar o caminho rumo à sustentabilidade e as pequenas empresas brasileiras começam a ganhar terreno nesse novo mercado. No ano passado, 56 tecnologias diferentes foram expostas na primeira edição da Mostra Ethos de Tecnologias Sustentáveis. Entre as iniciativas, dois softwares desenvolvidos por pequenos empreendimentos para diminuir o impacto socioambiental dos negócios.
O paulista Lincoln Paiva, dono da agência de marketing Believe Comunicação Viva, por exemplo, inspirou-se em um projeto do governo de Portugal para criar um software que ajuda funcionários a organizar roteiros de carona corporativa. O funcionamento é simples: os empregados fazem um cadastro, indicando seus percursos e horários e se têm ou não automóvel. As informações são cruzadas, mostrando quem pode oferecer carona a quem. "Vimos que o sistema poderia ser uma das respostas para o problema do transporte nas grandes cidades", diz Lincoln.
Em 2008, ele lançou o Projeto MelhorAr, disponibilizando o software gratuitamente para qualquer empresa e oferecendo às interessadas consultoria paga para tratar a questão da mobilidade, como a formatação de campanhas internas de conscientização e a definição do melhor endereço para o negócio, por exemplo. "O MelhorAr viabiliza a carona de forma segura", afirma João Gilberto Azevedo, coordenador da Mostra Ethos.
De acordo com Lincoln, cerca de 50 pequenas e médias empresas já são usuárias do programa e 100 grandes marcas negociam a aquisição de soluções para mobilidade sustentável. O sistema dividiu espaço na Mostra com a também paulista Apel Consult, que presta consultoria na área ambiental e tem 20 funcionários. O proprietário, Aerton Paiva, investiu R$ 500.000 para o desenvolvimento de um software que aponta se a empresa usuária está no caminho certo para atingir suas metas de sustentabilidade. Batizado de Sferico, o sistema faz a ligação dos compromissos assumidos pela instituição com suas ações no dia-a-dia.
O diferencial encontrado pela Apel foi permitir que os clientes sigam as exigências de vários acordos internacionais (como o Protocolo de Kyoto e o Pacto Global, por exemplo), pois o produto cruza todos os dados. "O Sferico gera um indicador para cada setor da companhia e mostra os pontos onde é preciso melhorar", diz Aerton.
Lançado em fevereiro do ano passado após pilotos em nomes de peso como Natura, Banco Real e Whirlpool, o produto vem chamando a atenção de grandes corporações. A Apel apresentou o software para 250 empresas e apenas dez não mostraram interesse, segundo o empreendedor. "As corporações devem acompanhar os reflexos de suas ações e o programa da Apel facilita a gestão sustentável", afirma Azevedo, do Ethos.
Depois de avaliar três sistemas, o assessor de sustentabilidade da Whirlpool para a América Latina, Paulo Vodianitskaia, optou pelo Sferico. Segundo ele, todas as áreas da multinacional utilizam a nova ferramenta, que traduz o desempenho de cada um dos 20 setores. "Foi o único que conseguiu lidar com múltiplas referências e metas", explica o executivo.
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