Bric vai resgatar o mundo, diz criador da denominação

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Talvez a maior esperança de manter a economia mundial em crescimento esteja em pessoas como Wei Yufang. Camponesa que trabalha em um pequeno pedaço de terra ao lado do lamacento rio Huaihe, na China central, Wei tem um sonho modesto: comprar um aparelho de ar-condicionado, para aliviar a sua família do calor e da poeira que, a cada verão, envolvem a aldeia de Xiaogang (Pequena Colina), na Província de Anhui.

Com a recessão em muitas economias, dos Estados Unidos ao Japão, Wei e outras 2,8 bilhões de pessoas no Brasil, Rússia, Índia e China podem prover a demanda do consumidor necessária para combater a crise.

Jim O’Neill, economista do Goldman Sachs Group que, em 2001, cunhou o acrônimo Bric com as iniciais dessas quatro grandes economias emergentes, diz que o crescimento rápido que os investidores passaram a esperar desses países vai sobreviver à crise. Para O’Neill, lotado em Londres, os cidadãos dos países do Bric estão prontos para gastar mais. "O consumidor do Bric vai resgatar o mundo", afirmou.

As autoridades da China estão fazendo a sua parte nesse sentido. O enorme plano de incentivo econômico, de 4 trilhões de iuanes (US$ 586 bilhões) revelado em 9 de novembro sinalizou a sua intenção de estimular o consumo interno, de forma a ajudar a contrabalançar a redução no consumo dos países desenvolvidos para os produtos de exportação chineses. A primeira reunião dos ministros da Fazenda dos países do Bric, realizada há alguns dias em São Paulo, expôs uma nova posição assertiva.

As economias do Bric estão, de modo geral, tendo um desempenho melhor do que o previsto por O’Neill quando divulgou essa expressão, em um relatório de novembro de 2001. Ele estimou que elas representariam 10% da produção econômica mundial até 2010. Elas já consistem em mais de 15%. Os responsáveis pelas previsões da Merrill Lynch compartilham desse entusiasmo. Também asseguram que o Bric contribuirá para establização da economia global.


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