* Oscar Siqueira, country-manager da SolidWorks Brasil
Em meados da década de 90, quando a onda dos ERPs – Enterprise Resource Management ou software de gestão corporativa – vivia seu apogeu, poucas pessoas imaginavam que algumas implementações durariam até a década seguinte. Raríssimas empresas questionaram a real necessidade do seu negócio, já que o mantra do mercado apontava na direção dos poderosos e abrangentes sistemas de gestão. A promessa de integração e controle onipresentes seduziu o mundo corporativo. Passados quase 20 anos, uma lição foi aprendida: antes de adquirir um sistema, faça a pergunta certa.
A discussão dos fabricantes, em se tratando da criação de novos produtos, hoje, diz respeito à gestão de seu ciclo de vida e parece que o mundo tenta polarizar o debate entre PLM (Product Lifecycle Management) ou PDM (Product Data Management). Qual dos dois sua empresa deve adotar? A pergunta certa a ser feita é: qual o caminho mais eficiente para resolver seus problemas relacionados ao desenvolvimento de produto no curto prazo?
Cada organização deve assumir sua verdade particular e aceitar que a maioria das empresas não está preparada para um sistema de PLM por uma razão simples: muitas indústrias ainda usam sistemas baseados em papel para controlar as modificações de produtos em sua engenharia. Isso significa lentidão no lançamento de produtos, cópias de desenhos desatualizadas, circulação lenta de documentos, excesso de papel, alto índice de retrabalho, dificuldade de se obter informações dos produtos, entre outros problemas.
A realidade de uma empresa que ainda atua nestes moldes é que existe um longo caminho a ser percorrido e não adianta tomar atalhos. O PLM pode ser comparado a um ERP, acompanha toda a vida do produto, diz respeito à “enterprise sharing of released documents” e seu tempo de implementação pode ser de meses ou anos. PDM é um subsistema do PLM, gerencia com eficiência dados de design do produto em 3D, diz respeito a desenvolvimento de produtos em andamento e sua implementação não dura mais de cinco dias, em geral.
Um dado espantoso: segundo a CIMData, principal empresa de pesquisa e abordagem PLM, 61% das indústrias manufatureiras acreditam que uma implementação de PLM é igual ou mais complexa que uma implementação de ERP. Essa é uma informação que deve ser considerada seriamente.
A nova afirmação que proponho – e aí vale a pena debater – é a de que qualquer empresa que tenha adotado um sistema de CAD 3D precisa de uma solução de PDM agora.
É fácil defender essa tese. A tecnologia tridimensional gera mais dados do que a 2D e contém associações, referências e inter-relacionamentos com outros arquivos, como peças, desenhos, várias configurações ou conjuntos que precisam ser gerenciados e preservados. Tudo isso cria uma necessidade latente de gerenciamento do maior volume e complexidade de dados.
O PDM é um item obrigatório para todos os fabricantes que utilizam uma ferramenta de desenho de projeto tridimensional ou CAD 3D. Talvez você esteja se perguntando: por que não ir direto para o grande guarda-chuva do PLM? Como resposta, pergunto: Você está gerenciando os dados de design de produtos com eficiência? A empresa é grande o bastante para se beneficiar do PLM? Os benefícios em potencial do PLM são maiores que os custos? Você não se sentiria mais confortável usando ferramentas PDM para gerenciar dados de design de produtos em 3D com eficácia, antes de adotar uma solução de PLM em larga escala?
Caso tenha um sistema de CAD 3D, e ainda restem dúvidas sobre a necessidade de uma solução de gerenciamento de dados, pergunte-se:
- Os engenheiros precisam parar de escrever por cima de arquivos de outros engenheiros?
- A empresa carece de um método melhor para controlar a revisão de documentos?
- É preciso facilitar o acesso das áreas de Compras e Manufatura às informações da engenharia?
- Os engenheiros gostariam de ter a possibilidade de encontrar, ver e comparar antigas revisões de documentos originais?
- Os projetistas precisam encontrar, com mais facilidade, peças, os desenhos e os conjuntos?
- A área de engenharia precisa encontrar, mais facilmente, os conjuntos onde as peças modificadas são usadas?
- A empresa necessita automatizar e controlar o processo de Engineering Change Order (ECN)?
Um sistema de PDM, além de resolver essas demandas, é capaz de administrar todos os outros dados de projeto relacionados e, ao mesmo tempo, oferecer suporte à colaboração no mundo inteiro em todas as áreas da empresa. Os desenvolvedores de produtos podem gerenciar, com segurança, os dados de projeto, além de controlar o acesso de forma eficaz e praticamente eliminar a possibilidade de erros e retrabalho ou perda de dados relacionados ao PDM.
Um sistema PDM de ponta facilita a reutilização de projetos ao permitir que os fabricantes classifiquem, organizem e agrupem informações de projeto para pesquisa rápida e recuperação. Ele realiza automaticamente um registro completo de auditoria, preciso e detalhado de todos os produtos, montagens e componentes desenvolvidos pela empresa. O sistema também ajuda os fabricantes regidos por regulamentos especiais, como os requisitos da ISO (International Standards Organization) e da FDA (US Food and Drug Administration), a garantir a conformidade com maior eficiência.
Os benefícios da boa gestão dos dados de projeto são inegáveis para acelerar o desenvolvimento e lançamento de produtos. É possível que ainda existam aqueles que acreditam que podem continuar gerenciando sua área de produto como se ainda vivesse na época dos "cofres de desenhos", administrados e operados por um gerente ou administrador de documentação. Pode até conseguir, mas estará longe das melhores práticas da produção e de alcançar o time-to-market ideal.
A conclusão é que o abrangente sistema PLM continuará a ter seu maior impulso nas grandes indústrias, como automotiva e aeroespacial, verticais que geralmente são as mais avançadas tecnologicamente. Por outro lado, adquirir uma solução PDM para gerenciar os dados de design de produtos é, no mínimo, um investimento pragmático e a decisão mais acertada para a maioria das empresas manufatureiras.
Oscar Siqueira