Fonte: Gazeta do Povo - 30/09/08
Foto: Gazeta do Povo
O robô humanóide (o Asimo, da Honda) é um fofo: sobe escadas, chuta bolas, sabe ser um excelente anfitrião e até rege orquestras. Mas essa robótica dos nossos sonhos, em que teríamos empregados eletrônicos para atender a todos os nossos caprichos, não é a verdadeira robótica. Ela, na verdade, passa longe disso e tem uma face mais prosaica: a dos robôs menores que servem para estimular o conhecimento científico.
Robô humanóide Asimo
Marco Antonio Meggiolaro, do departamento de Engenharia Mecânica da PUC-Rio e coordenador do laboratório de robótica da universidade, explica que a produção de robôs humanóides é cara demais, o que os torna inviáveis comercialmente. O custo para produzir um robô humanóide é de fato proibitivo (o Asimo custa pouco menos de US$ 1 milhão e é alugado em esquema de leasing por US$ 166 mil). Marco Antônio diz que os robôs para fins de pesquisa podem ser bem menores, semelhantes a veículos estilizados e custar uns US$ 10 mil. Em geral estes robôs são feitos de Lego ou Vex e usados em competições, como a olímpiada internacional
RoboGames.
A PUC foi campeã este ano na RoboGames com o valente robozinho Touro. Parece só diversão, mas não é. Primeiro, esse tipo de robótica, mais acessível, permite despertar os estudantes para a prática de matérias tradicionalmente consideradas difíceis. Com isso, a garotada vê na prática o resultado de todas aquelas fórmulas e contas de física, matemática, mecânica, eletricidade... e ainda começa a aprender os fundamentos da programação, através de softwares intuitivos que trabalham com ícones para dar instruções aos robozinhos. Assim, desperta para a tecnologia.
Na universidade a robótica também é multidisciplinar, atraindo o interesse de estudantes de engenharia, mas também de informática. E as competições são um meio de estimular idéias cada vez melhores, como a
FIRST (For Inspiration and Recognition of Science and Technology) Lego League, em que os robôs realizam várias missões simuladas (capturar objetos, apagar incêndios, superar obstáculos, etc).
Os robôs podem ter inteligência embutida ou não, depende do objetivo. Alguns são controlados por rádio, por exemplo, mas em determinadas modalidades de competição, como o sumô, eles precisam tomar algumas decisões para ter um bom desempenho, e aí a programação é crucial.
A convergência tecnológica aponta para grandes novidades na robótica no futuro. Marco Antônio conta que na própria PUC está sendo desenvolvido um protótipo capaz de ler à distância pensamentos de uma pessoa numa cadeira de rodas, via sensores sem fio colocados sobre a cabeça. Basta a pessoa pensar em mover o braço direito ou esquerdo, e a cadeira se move naquela direção. O pensamento num objeto girando leva a cadeira à frente, e a tentativa de fazer uma conta matemática a impele para trás.