Fonte: Gazeta do Povo - 17/09/08
A restrição ao crédito advinda da crise financeira global já está afetando a expansão do setor sucroalcooleiro no Brasil, avaliou nesta terça-feira o presidente da Datagro, Plínio Nastari. Nastari afirmou, durante o seminário da Rio Oil & Gas, a crise afeta por se tratar de uma indústria de capital intensivo que estava alavancada, o que vem de um ritmo de expansão na produção muito acelerada.
Ele ainda disse que a produção de açúcar e especialmente de álcool tem crescido fortemente nos últimos anos, o que exigiu pesados investimentos no setor. O número de usinas que começaram a funcionar nesta safra no Brasil é superior ao da temporada passada, quando 20 novos projetos passaram a operar.
O presidente da consultoria acredita que o mercado de açúcar e álcool tem fundamentos sólidos e positivos, considerando a redução da oferta de açúcar no Brasil e na Índia, os dois maios produtores globais.
No caso do Brasil, mais de 50 por cento da cana colhida está sendo destinada à produção de álcool, e a Índia deverá produzir menos açúcar nas próximas temporadas, entre outros motivos porque os produtores estão cultivando mais grãos, com melhores preços do que a cana.
Etanol por trás do crescimento
O crescimento do setor sucroalcooleiro no Brasil estará calcado especialmente na produção de etanol, cujo consumo interno vai quase dobrar em sete anos, ao mesmo tempo em que as exportações mais do que triplicariam, de acordo com dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) apresentados durante o seminário.
A produção de álcool combustível no centro-sul do país passará de 22,5 bilhões de litros em 2007/08 para 46,9 bilhões de litros em 2015/16, de acordo com projeção da Unica.
Já o consumo interno do biocombustível, impulsionado no crescimento da frota flexfuel, que deve equivaler à metade do total de veículos do país em 2012, passará de 18,9 bilhões de litros para 34,6 bilhões de litros naquele mesmo período.
As exportações saltariam de 3,6 bilhões de litros para 12,3 bilhões de litros.
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