O aumento do preço das commodities, o forte crescimento chinês e a demanda aquecida das famílias brasileiras ajudaram a China a ultrapassar a Argentina e ocupar o segundo lugar entre os principais parceiros comerciais do Brasil. Nos 12 meses encerrados em julho, a corrente de comércio (soma de exportações e importações) chegou a US$ 31,9 bilhões entre os dois países. O valor supera os US$ 29,3 bilhões do comércio com a Argentina em igual período e só perde para os US$ 49,2 bilhões das trocas com os Estados Unidos, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento.
Os empresários vêem esse quadro com preocupação, pois identificam uma "complementariedade perversa" no comércio com a China. Enquanto os chineses compram petróleo, soja e minério de ferro, o Brasil importa bens manufaturados vindos do outro lado do mundo. "A China vai consolidar a segunda colocação como parceiro do Brasil, mas não há vantagem nisso porque o comércio é desequilibrado no conteúdo", disse Roberto Giannetti da Fonseca, diretor do departamento de Comércio Exterior da Fiesp. "Exportamos matérias-primas e importamos bens de consumo, como sapatos e têxteis, e até máquinas. É uma concorrência aguda, que constrange a produção local".
Na avaliação do secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, essa é uma "visão simplista" sobre a relação entre os dois países. Ele observa que a maior parte das importações de produtos chineses é de bens de capital e intermediários. "Estamos renovando o parque industrial brasileiro com insumos chineses".
A China já havia superado a Argentina no início de 2007 e a distância só aumentou. Nos últimos 12 meses, o Brasil importou US$ 17 bilhões da China e US$ 12 bilhões da Argentina. Depois de superávits expressivos em 2003 e 2004, o país agora amarga perdas crescentes, com o déficit atingindo US$ 2,6 bilhões em 12 meses. Com a Argentina, o superávit é de quase US$ 5 bilhões no período.
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