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A globalização, a difusão da internet e a acelerada transformação de matéria-prima em produtos de consumo estão forçando companhias do mundo inteiro - incluindo as da América Latina - a agilizar o ritmo de suas inovações e a reinventar continuamente seus modelos de negócio. Este processo evolutivo recebe o nome de Inovação do Modelo de Negócio.
Pela primeira vez na história, quase todos os países e indústrias da região estão desenvolvendo modelos inovadores de negócios, de monetização e de oferta diferenciada de produtos e serviços. Países como Brasil e Chile, por exemplo, constituem o melhor exemplo de nações que se converteram em atores relevantes na economia global, graças ao uso inteligente das inovações tecnológicas.
Durante um seminário realizado na Assembléia Anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o secretário de Assuntos Exteriores do Ministério do Planejamento do Brasil, José Carlos Miranda, afirmou que o País empregou com êxito as inovações tecnológicas ao seu alcance e dirigiu, de forma estratégica, suas fontes de financiamento para se converter em um dos principais produtores agrícolas do planeta.
Já o vice-presidente do departamento de desenvolvimento econômico do Chile (CORFO), Carlos Alvarez, enfatizou o sucesso alcançado por seu país na integração de redes que incluem desde pequenas empresas até gigantescas companhias de importação, assim como o estabelecimento de uma integração vertical que permitiu ao Chile se converter em um dos dois maiores exportadores de salmão no mundo¹.
No entanto, embora o Brasil e o Chile sejam modelos de economias bem-sucedidas, a região latino-americana em geral ainda tem um longo caminho a percorrer em seus esforços para competir em escala global e aproveitar de forma adequada as inovações tecnológicas.
Confirmando essa visão, o recente estudo sobre a competitividade da América Latina conduzido pelo Fórum Econômico Mundial, ressaltou a necessidade da região em melhorar sua capacidade de assimilar as tecnologias e inovar com a finalidade de consolidar o progresso alcançado nos últimos anos.
Para que consigam ser realmente competitivas em nível global, as companhias latino-americanas terão que perceber a inovação como parte integrante de suas estratégias de negócios e não como um processo a parte. Hoje estas empresas estão muito mais posicionadas do que nunca para fazê-lo, já que, por um lado, a região está vivendo uma fase extraordinária de crescimento e, por outro, a tecnologia amadureceu a ponto de promover níveis profundos de colaboração e permitir que as redes de negócio e inovação conjunta sejam atividades bem mais viáveis em termos econômicos.
Neste sentido, o último estudo sobre inovação conduzido pelo Boston Consulting Group qualifica a América Latina como uma Economia de Rápido Desenvolvimento (RDE, na sigla em inglês), posicionando-a no mesmo nível de economias como China, Índia e Europa Oriental. As economias RDE são aquelas nas quais as companhias globais estão investindo na busca por inovação. O estudo ouviu 2.864 entrevistados de 58 países diferentes, sendo que 38% dos participantes afirmaram que suas respectivas empresas tinham aumentado o gasto em inovação dentro de economias RDE em 2007. Além disso, 26% dos respondentes afirmaram que este gasto aumentaria especialmente na região latino-americana.
Diante deste cenário promissor, vemos algumas companhias da América Latina começando a desfrutar dos benefícios que trazem as inovações tecnológicas, aproveitando-as de forma efetiva para liderar no mercado global.
Um bom exemplo desses é a companhia chilena de mineração de cobre Codelco, que recentemente atraiu a atenção dos pesquisadores da Universidade de Harvard. Esta organização é um exemplo a ser seguido, pois representa muito bem as empresas que aproveitaram as oportunidades vindas com a tecnologia da informação. O sucesso alcançado pela Codelco é mais significativo quando se leva em conta que a indústria de mineração é constantemente submetida às flutuações ditadas por um mercado de alta volatilidade.
De acordo com a Escola de Negócios da Universidade de Harvard, a transformação da mineradora chilena iniciou-se em 1996, quando seu presidente mudou o foco de negócios da empresa, transferindo a ênfase colocada na redução de custos para a maximização do valor econômico, empregando, para isso, a tecnologia como protagonista da estratégia de negócios da companhia.
A execução da estratégia assumida pela Codelco com relação à tecnologia da informação inclui até as vantagens competitivas da companhia, assim como os serviços oferecidos a seus empregados. Além disso, a companhia cunhou o termo "Codelco Digital", baseado em um conceito de integração entre a tecnologia da informação e a estratégia corporativa, validando o uso da TI como fonte de valor substancial para os empregados e acionistas da empresa.
O aproveitamento efetivo da tecnologia da informação pela Codelco conseguiu posicionar a companhia como uma das mais bem sucedidas organizações da região. O sucesso alcançado pela empresa chilena é resultado da consolidação efetiva de sua vantagem competitiva, acelerando níveis de inovação e agilizando a execução de estratégias, dois dos fatores de sucesso mais importantes para se triunfar em um ambiente de negócios cambiante e vertiginoso.
Esse exemplo comprova que a capacidade da tecnologia da informação de ajudar as companhias a adaptar seus modelos de negócio existentes ou adotar novos modelos foi o que a converteu em um componente vital nas atividades estratégicas para crescimento das empresas. Em conseqüência, as companhias latino-americanas têm, agora, a oportunidade para responder eficazmente ao ritmo acelerado da mudança global, e a resposta se encontra na inovação.
* Hernán Mariño é vice-presidente de Marketing da SAP na América Latina