Chana quer trazer motores flex chineses para o Brasil

Foto: G1

O que para indústria automobilística nacional já foi uma barreira superada, o carro bicombustível ainda é um desafio para as montadoras que exportam para o Brasil. Apesar do atraso, a China corre para dominar a tecnologia, que garantirá uma boa fatia do mercado brasileiro no futuro. E o carro chinês movido a etanol não está tão longe de se tornar real. De acordo com o diretor-geral da Chana Motors do Brasil, Mohsin Ibraimo, a fabricante chinesa já faz pesquisas para produzir veículos flex.

Em entrevista ao G1, o executivo comenta o avanço da fabricante chinesa e fala sobre as estratégias no Brasil para aumentar as importações dos produtos da marca, que tem um longo caminho para atingir a consolidação no mercado brasileiro.

G1 Há um ano no Brasil, a Chana investe no segmento de comerciais leves para consolidar a marca no mercado nacional. O que a empresa tem observado até agora em relação à aceitação do consumidor brasileiro?
Mohsin Ibraimo — O público consumidor é grande porque o Brasil tinha a Asia Motors, que ao sair do mercado deixou um espaço que nenhuma montadora nacional preencheu. Por isso, nosso foco continua concentrado nesse segmento. Agora, com a restrição da circulação de caminhões nas grandes cidades, a procura para veículos usados em entregas rápidas aumentou muito, o que nos favorece.

G1
A imagem que o brasileiro tem em relação aos produtos chineses tem prejudicado a expansão da marca?
Mohsin Ibraimo — Claro que no princípio ainda existe barreira por ser um carro chinês. Há quem desconfia e confunde com a fama de produtos chineses copiados e contrabandeados, mas isso vai mudar. Todo mundo vê que a China é o maior produtor do mundo e a Chana está entre as 20 maiores fabricantes de veículos.

Começamos a comercializar os produtos no Brasil há exatamente um ano, fomos pioneiros. Precisamos fazer esse teste, porque o Brasil é o sexto maior fabricante de veículos. Hoje, abrimos perspectivas para outras companhias.

O preço dos produtos é interessante. O nível de qualidade ainda é baixo do esperado, mas está melhorado muito e já estamos quase ao mesmo nível dos outros fabricantes. É a evolução, como já aconteceu com os produtos japoneses e sul-coreanos. Vemos que o frotista começa a comprar esse tipo de carro, o próprio empresário compra, e isso é muito bom.

G1 E qual é a estratégia da empresa para conquistar o cliente?
Mohsin Ibraimo — Há uma desconfiança do consumidor com todo o veículo importado. Então, faz parte da nossa política importar produtos e acessórios, para o cliente criar confiança no produto e no pós-venda, o que influi no valor de revenda. Por exemplo, damos dois anos de garantia, porque temos confiança no produto.

G1 Qual o volume de vendas da Chana até agora?
Mohsin Ibraimo - Vendemos uns 600 carros até este mês.

G1 E quais são as metas para o final deste ano e para o ano que vem?
Mohsin Ibraimo - Espero estar com 700 a 800 carros vendidos neste ano. O volume aumentará 50% em 2009, vai ampliar para cerca de 1.600 unidades. O mercado está aquecido hoje, mas temos que ver o que vai se passar fora do Brasil. O mercado norte-americano está em crise, o europeu também, os preços das commodities subiram, o dólar está desvalorizado. Apesar desses fatores, não queremos aumentar o preço dos carros, então temos de conquistar o mercado de maneira consciente.

G1
O motor bicombustível seria uma peça-chave da Chana para impulsionar a atuação no mercado nacional, já que mais de 80% das vendas de novos são de carros flex. Quais são os projetos da matriz chinesa neste sentido?
Mohsin Ibraimo - Este tipo de equipamento está em todas as montadoras. É mais uma barreira que temos de romper e faremos isso em um futuro próximo. Esse sim é o grande concorrente, não é o preço.

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Então a Chana já começou a desenvolver esse tipo de produto. Já existe um protótipo?
Mohsin Ibraimo – Estamos na fase de estudos, ainda não temos protótipo. Em médio/longo prazo teremos um produto. Os chineses têm falado muito em trabalhar nesse sentido, porque um carro assim atinge o Euro 5 em nível de emissão. É uma questão ambiental.

G1E comercial. Se a marca lançar um produto bicombustível qual seria a projeção de aumento de vendas no Brasil?
Mohsin Ibraimo – Isso aumentaria as vendas em 100%, ou seja, daria um grande impulso.

G1 Por enquanto vocês trabalham com comerciais leves, a idéia é ampliar a gama de produtos para veículos de passeio?
Mohsin Ibraimo - Não temos projeto para trazer veículos de passeio agora, no futuro sim. Neste momento temos de consolidar a marca. Comercialmente falando, ampliar a gama fica inviável por questão de preço. O carro chinês é barato, mas para importar além da alíquota existe o frete. Com a entrada de novas empresas no Brasil isso pode mudar. Estive na China em novembro do ano passado e falei com colegas daqui sobre a questão da importação. Para encher um navio precisamos de 6 mil carro e, juntas, conseguimos atingir o volume, dividindo os custos.

G1 - A Chana será a primeira montadora de veículos chinesa a construir uma fábrica no Brasil?
Mohsin Ibraimo - Isso é estudo. Não posso adiantar. Mas eu gostaria muito. É um passo muito importante. A própria China se beneficiaria com isso, pois atenderia o Mercosul e abriria acordos bilaterais.

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