A Toyota anunciou ao governo federal que vai fazer a sua nova fábrica de automóveis em Sorocaba (SP). Segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, os japoneses vão investir cerca de US$ 600 milhões na nova unidade que produzirá 150 mil veículos populares por ano a partir de 2011.
A notícia foi divulgada pelo governo, depois de uma reunião no Palácio do Planalto que contou com as presenças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, executivos da Toyota, entre eles o presidente da montadora no Mercosul, Shozo Hasebe e do ministro Miguel Jorge.
O novo investimento foi comemorado pelo presidente Lula, que vê na fábrica a possibilidade de aumentar as exportações do País no setor e ocupar o mercado dos países vizinhos e africanos. Hoje o Brasil produz cerca de 3 milhões de automóveis por ano e é o sétimo maior produtor mundial de automóveis, volume que vem aumentando a cada ano.
O ministro confidenciou que o presidente se interessou em saber se o carro será flex para poder utilizar o biocombustível nacional e comentou com os executivos japoneses o interesse do País que o veículo seja exportado para os mercados da América Latina e África. O ministro informou que Lula acha que o Brasil deve ocupar esses mercados com produção de veículos menores que consomem menos combustível, em comparação com os carros de grande porte produzidos nos Estados Unidos e os potentes veículos europeus.
A intenção da empresa é justamente a de fabricar um modelo pequeno, voltado para o mercado interno e para exportação, disse Miguel Jorge. "Não foram informados os investimentos, mas pelo que conheço da indústria automobilística, numa fábrica desse porte, não devem ser investidos menos que 600 a 700 milhões de dólares". O ministro é oriundo da indústria automobilística.
Apesar de não dar detalhes do projeto, Miguel Jorge disse que o carro será um modelo novo, de pequeno porte em linha com o perfil da indústria brasileira e que vai gerar 2,5 mil empregos diretos e entre 12 a 15 mil indiretos. "É um carro pequeno, do tamanho do Gol, Celta, Ka", comparou ele.
Segundo a sinalização dos japoneses, a definição de construir a fábrica em São Paulo foi tomada porque o estado é um centro de distribuição de logística e onde estão localizadas as principais indústria de autopeças que são fornecedores para a indústria automobilística. Hasabe disse que a empresa deve atrair fornecedores para se instalarem nas proximidades da fábrica para baratear a distribuição.
A opção por Sorocaba, no entanto, foi disputada. O ministro contou que os japoneses avaliaram outros lugares para construir a fábrica. "Eles estiveram em outros estados, havia vários governadores interessados em ter a fábrica da Toyota, entre eles a Bahia e do Rio de Janeiro."
Também pesou na decisão a estratégia da empresa que conhecida por trabalhar com o sistema integrado de produção, uma prática que se tornou corriqueira no segmento. "Como eles têm uma fábrica que produz 80 mil veículos por ano. Seria um pouco disperso colocar uma segunda fábrica muito distante dessa", justificou o ministro.
A decisão da Toyota contraria o boom anterior de instalação de novas montadoras que optaram pela descentralização na virada dos anos 90. Foram abertas fábricas da Ford, na Bahia, da Renault, no Rio, da General Motors ,no Rio Grande do Sul, e da Volks, no Paraná, entre outros investimentos.
A empresa que disputa com a GM a liderança mundial na fabricação de veículos está no Brasil há cinqüenta anos. Além da fábrica em Idaiatuba, a marca tem uma unidade de peças em São Bernardo do Campo, na Região Metropolitana de São Paulo, e um centro de distribuição em Guaíba no entorno de Porto Alegre.
Apesar de já ser cinquentenária no País, os investimentos no Mercosul passaram a ser uma prioridade para a empresa nos últimos dez anos. Segundo a Toyota, a marca investiu mais de US$ 940 milhões, entre 1997 e 2005, na construção e na modernização de fábricas na Argentina e no Brasil, a unidade no país vizinho produz a picape Hilux, em Zárate, nas proximidades de Buenos Aires. Entre os dois países, a empresa diz que emprega mais de 5 mil funcionários. A montadora é a que mais cresce no mundo.
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