O grupo franco-japonês Renault-Nissan assinou ontem um acordo com o governo de Portugal que vai permitir à empresa a venda de automóveis elétricos no país. Pelo acordo, o governo português se compromete a montar, até 2011, uma rede de infra-estrutura que permitirá a popularização dos carros elétricos.
No projeto, estão incluídos a empresa petrolífera Galp, que vai incluir em seus postos de gasolina as instalações para troca de baterias para automóveis elétricos, a empresa elétrica EDP e as duas maiores redes de supermercados do país, que poderão trocar baterias nos seus estacionamentos.
A Renault-Nissan entra com os automóveis, que terão uma autonomia de 200 quilômetros. "Estamos investindo milhões de dólares numa gama completa de veículos de emissão zero", afirmou o presidente da Renault-Nissan, Carlos Ghosn. Ele disse que os carros elétricos teriam preços semelhantes aos movidos a gasolina ou diesel.
No anúncio do acordo, Ghosn disse que ainda não tinha os números do investimento necessário para construir a infra-estrutura no país. "Nós vamos trabalhar nas próximas semanas com o governo de Portugal para encontrar uma solução que seja, em primeiro lugar, aceita pelo consumidor e, em segundo, que faça sentido para a estratégia do governo e da Renault-Nissan. Temos agora quatro meses para os estudos."
Segundo o projeto, os carros elétricos terão três possibilidades distintas de obter carga para as baterias: trocar a bateria por outra já carregada, o que deve levar cerca de 5 minutos; carregamento rápido, operação que levará cerca de 25 minutos; e carregamento em casa, na rede elétrica normal, o que pode durar oito horas.
Uma das vantagens é que os carros serão mais econômicos do que os movidos a gasolina ou diesel. "O consumidor tem de ver que ter um carro elétrico não vai sair mais caro (do que com gasolina ou diesel)", disse o presidente da Renault-Nissan. "Nós vamos proporcionar a tecnologia e as soluções e o governo atua sobre as condições fiscais e garante a existência da infra-estrutura."
O governo português vai dar apoio à iniciativa cortando impostos dos carros elétricos. "Em Portugal, 70% dos impostos sobre o automóvel são ligados à quantidade de emissões de CO2", explicou o ministro da economia, Manuel Pinho. "Esse tipo de veículo, ao não emitir o dióxido de carbono, tem uma vantagem brutal."
Segundo o ministro, o objetivo é criar um modelo de negócios que possa ser exportado com vantagens para as empresas portuguesas, tendo como exemplo o que aconteceu com a energia eólica.
Outros mercados
Além de Portugal, mais dois países já assinaram acordos com a Renault-Nissan: Dinamarca e Israel. "Estamos abertos a acordos com outros países e cidades", disse Ghosn. Segundo ele, poderão ser feitos acordos com outras montadoras para utilização do sistema.
Os carros começarão a ser produzidos em 2010 e a previsão inicial é que o ritmo de produção chegue a 13 mil unidades por mês.
"Potencialmente, entre os 68 milhões de carros vendidos por ano hoje, os carros elétricos podem chegar a 10 milhões. Um estudo do MIT afirma que em 2016 o número de carros elétricos vendidos no mundo será de 16 milhões por ano", afirmou Ghosn.
Sem poluentes
Infra-estrutura: O acordo fechado entre a Renault-Nissan e o governo português prevê que a petrolífera Galp, a empresa de eletricidade EDP e as duas maiores redes de supermercados do país passem a oferecer infra-estrutura para a recarga dos veículos elétricos
Novos veículos: A Renault-Nissan entra com os carros, que ainda estão sendo desenvolvidos. A previsão é que os veículos terão autonomia de 200 quilômetros, e custem o mesmo que um veículo a gasolina ou diesel. O grupo espera iniciar a produção dos carros em 2010, a um ritmo de 13 mil unidades por mês
Carregamento: Pelo projeto, os carros terão três possibilidades de recarga: trocar a bateria por outra já carregada, o que levaria 5 minutos; carregamento rápido, que levaria 25 minutos; ou carregamento em casa, o que levaria oito horas
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