Crise do petróleo não afetará indústria automobilística


Com a crise da indústria automobilística norte-americana, principalmente em função do aumento da cotação do petróleo, gigantes como General Motors e Ford mudaram estratégias, para diminuir os prejuízos com a queda das vendas. Apesar do quadro, o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Sérgio Reze, não acredita que o quadro internacional afetará o comportamento do mercado brasileiro.

“A frota dependente do petróleo no Brasil representa entre 55% e 56% do total. Isso é importante observar. A repercussão do custo do petróleo aqui é bem diferente do que é na Argentina e nos Estados Unidos”, afirma.

Na questão dos combustíveis, Reze ressalta ainda o fato de o governo ter controlado os preços, com a redução na incidência da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), tanto sobre a gasolina quanto o diesel.

Em relação ao aumento do valor de insumos derivados de petróleo, assim como o aço, Reze diz que o consumidor brasileiro não sentirá o impacto no bolso. “O preço do carro sobe nas fábricas, mas não no mercado, por causa da concorrência acirrada no varejo”, afirma Sérgio Reze.

Cotação do petróleo

O petróleo retomou na última terça-feira, dia 1º, a trajetória de alta, que fechou a US$ 140,97 o barril. De acordo com a economista da consultoria MB Associados, Tereza Fernandez, que formula as previsões da Fenabrave, o preço do petróleo é pressionado pela expansão da demanda e pela especulação das empresas petrolíferas. Segundo a economista, o pico vivido agora será corrigido e o preço do barril cairá para o patamar dos US$ 100.

“Vivemos um problema de oferta e demanda. A produção registra taxas negativas no México, por exemplo, há três anos. Rússia, Estados Unidos e Venezuela sofrem o mesmo. No Brasil, a taxa de queda de produtividade é de 5% a 8%. Mesmo com investimentos na produção a oferta se amplia de forma mais lenta que a demanda”, explica Tereza.

Segundo ela, o crescimento da procura é impulsionado, principalmente, pelos mercados da China e do Oriente Médio — demandas que antes não existiam. “Apesar de grande produtor de petróleo, o Oriente Médio não era grande consumidor. Agora, que decidiu se industrializar, a procura subiu muito”, comenta.

Sobre o fator especulativo, o preço só vai cair quando a demanda agregada cair, acredita a especialista. “O aumento dos juros nos Estados Unidos e na Europa irão gerar uma relativa desaceleração.”

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