O poder dos baixinhos e dos mais experientes


Poucas foram as épocas em que os valores mudaram tanto. Inacreditável as novas oportunidades que surgem diariamente. Em tempos passados, demorava para que mudanças realmente surtissem efeito. Não mais. Precisamos estar atentos para decifrar novos códigos a cada instante. Na era dos valores de consumo, as alterações dos tradicionais formatos têm sido fortes. O dinheiro mudou de mão. O surgimento de novos consumidores. O crescimento de novas classes sociais.

Quando eu era mais jovem, adolescente melhor dizendo, quem tinha 40 anos era "coroa" – 50 anos "idoso" e a partir dos 60 anos, simplesmente "velho". Quem ousa dizer isso novamente? A mudança é admirável. Chegamos aos 80 anos com espírito jovem, com energia e com isso, ativamente inseridos na sociedade de consumo. A terceira idade já demanda alteração do próprio termo. Para alguns, estamos falando da "boa idade". As oportunidades voltadas a este novo público consumidor ainda estão aquém do que se espera ou até mesmo necessita.

Na direção contrária, com a mesma nova força, os "baixinhos" ganham status dentro deste novo formato de consumo. Vivíamos em uma época onde as crianças não tinham voz de decisão. Parte disso associado ao fato de que não tínhamos o acesso à comunicação como hoje. Nesta era do conhecimento na qual vivemos atualmente, as crianças - adolescentes sabem de tudo, acessam a tudo e com isso, desenvolvem uma capacidade de conhecimento que os levam a tomar decisões ou pelo menos a emitir opiniões, que nos surpreendem cada vez mais. Eles entendem de moda, de cores, de formatos, de marcas. São muito mais inseridos em conceitos de sustentabilidade e consciência social, que muitos de nós fomos a vida inteira.

Eles sabem onde e como são vendidos determinados produtos. O mundo que falava somente com os adultos passou a falar com eles diretamente. Adolescentes são usados por marcas de perfumes, para decidirem sobre novos produtos. Carros usam a imagem de crianças nos EUA para estimularem estes a pedirem aos seus pais a referida marca de carro. Salão de beleza especializado no primeiro corte - ou seja, menos de um ano de idade. Foram os pais que mudaram e a educação está mais suscetível e relaxada ou, para alguns, permissiva? A sociedade em geral, pais ou não, precisou se ajustar ao novo comportamento destes "baixinhos". Eles têm uma força que jamais tivemos. Possuem conhecimento que os levam ao poder da escolha. E se não escolherem, possuem conhecimento para emitir opiniões claras, objetivas e muitas vezes conclusivas.

Nesta nova era, marcas em geral precisam aprender novamente a ler o mercado. Oportunidades novas surgirão continuamente nas próximas décadas. Quem sempre trabalhou com crianças precisa reaprender ou, pelo menos, ajustar linguagem e oferta de produtos possivelmente. O mundo infanto-juvenil se tornou um poderoso nicho de mercado. No antes, 12 anos era criança. E no hoje? Será que estamos todos preparados? O que virá após? Quase impossível prever no momento. Vale portanto, aproveitar como nunca o agora! Este é o momento. E como diria Confúcio: "Qual seria a sua idade se você não soubesse quantos anos você tem?"

Carlos Ferreirinha - Diretor-presidente da MCF Consultoria & Conhecimento - www.mcfconsultoria.com.br

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