Christian Wiest, vice-presidente mundial de Operações Internacionais da francesa Schneider Electric, tem olhado cada vez mais de perto os números da filial brasileira. Responsável pelos negócios da fabricante de equipamentos elétricos no Oriente Médio, América do Sul e Leste Europeu, Wiest aposta que em meia década a diferença que separa a líder em faturamento na sua região, a Rússia, do segundo colocado, o Brasil, vai simplesmente desaparecer do mapa.
Segundo dados de 2007, a multinacional francesa faturou perto de 600 milhões de euros na Rússia, contra 210 milhões de euros registrados por aqui. À primeira vista, portanto, a distância parece quase intransponível, mas o executivo pensa diferente. E aposta no potencial dos setores de minério de ferro, petróleo e no crescimento da economia no país para colocá-las lado a lado. "Há mais potencial por aqui do que na Rússia", diz Wiest. As vendas globais da companhia foram de 17,3 bilhões de euros no ano passado.
A julgar pelos últimos movimentos da Schneider Electric no Brasil, as declarações de Wiest não são só discurso. Depois de ter aplicado R$ 20 milhões em 2007, o executivo deu sinal verde para um novo investimento no país, de R$ 25 milhões. Além das tradicionais modernizações industriais, os recursos serão usados para erguer um segundo centro de distribuição em São Paulo (SP), que deverá estar pronto em outubro. A empresa já tem um no país, que também está instalado em São Paulo.
Investimentos
Além dos centros de distribuição, a multinacional possui quatro fábricas no Brasil. Uma delas fica em Curitiba (PR), outra em Sumaré (SP), mais uma em São Paulo (SP) e uma em Guararema (SP), que inclusive serve de plataforma de exportação.
Mas o apetite da Schneider no país deverá ir além dos R$ 25 milhões. Mesmo sem revelar nomes, Christian Wiest conta que há uma negociação em curso para adquirir uma empresa no Brasil. "É preciso apenas equacionar retorno do investimento e preço", conta. Caso a operação seja concretizada, será a quarta aquisição no Brasil. No ano passado, por exemplo, a companhia comprou a Atos Automação Industrial.
É voz corrente na multinacional francesa que o boom verde-amarelo só está no início. "Há três anos, a economia brasileira não tinha o status que tem hoje", afirma o executivo. E basta pegar os próprios números da Schneider no país para entender o otimismo do grupo. A previsão de receita para este ano é de R$ 720 milhões, o que significa um crescimento de 20% sobre o montante registrado em 2007. Em comparação aos R$ 380 milhões de 2006, então, o faturamento esperado para 2008 é praticamente o dobro.
Mas as projeções positivas não se restringem às vendas no mercado interno. A situação favorável engloba também as exportações a partir do Brasil. Mesmo com um câmbio adverso, já que o real se valorizou frente o dólar, a Schneider projeta uma receita de US$ 44 milhões para este ano, pouco maior que os US$ 39 milhões registrados no ano passado. Em 2006, as vendas para o exterior foram de US$ 26 milhões.
"A valorização do real não causa grandes problemas para a Schneider. Mas é claro que deixamos de mover novas cadeias produtivas para o país, fruto da valorização da moeda", conta Wiest.
O executivo lembra que para manter o bom desempenho aqui e no exterior a empresa manterá o ritmo de investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Todos os anos a multinacional aplica 5% do faturamento global na área, que possui 25 centros de pesquisa espalhados no mundo.
Gostou? Então compartilhe:
Últimas notícias de Mercado