OCDE prevê desaceleração da economia brasileira em 2008 e 2009


A economia brasileira crescerá 4,8% em 2008 e 4,5% em 2009, estimulada por uma forte demanda doméstica e a explosão dos investimentos, já que os mercados financeiros do país estão contornando bem a tempestade mundial, anunciou a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE).

Há seis meses, a OCDE anunciara que o Brasil cresceria apenas 4,5% em 2008, 0,3% a menos que o previsto atualmente, e 4,5% em 2009.

O país registrou um forte crescimento de 5,4% em 2007, seu maior ritmo de expansão desde 2004.

"Nos próximos dois anos, o crescimento perderia um pouco de ritmo em um contexto de crescentes políticas restritivas", destaca a OCDE em seu relatório de perspectivas semestrais.

"A previsão é de que o Produto Interno Bruto (PIB) se desacelere a 4,8% em termos reais em 2008. A demanda doméstica continuará sendo o principal fator de estímulo, sustentada por um contínuo dinamismo nos investimentos", afirma a OCDE.

Segundo a organização, que tem sede em Paris, o crescimento da demanda doméstica responde a uma criação de empregos "robusta" e à crescente valorização do real.

"O desemprego caiu a seu menor nível em 11 anos. O investimento teve um desempenho particularmente bom, com uma alta de mais de 13% em 2007, o maior ritmo em quase 15 anos", prossegue o informe.

As exportações brasileiras mostram um bom desempenho, apesar da força do real, embora o superávit comercial diminua rapidamente, devido sobretudo à alta das importações, destaca a OCDE.

Os elevados preços do petróleo e os alimentos estimularam a inflação bem acima da meta de 4,5%. A OCDE prevê que o índice de preços ao consumidor suba a 4,9% este ano, contra 4,5% em 2007 e retorne ao mesmo valor em 2009.

"Os mercados financeiros estão contornando bem a tempestade financeira mundial, apesar do aumento nos "spreads" (diferencial de rendimento dos bônus soberanos em relação aos bônus do Tesouro americano) desde meados de 2007".

O desempenho fiscal evolui de acordo com o que está pautado, apesar dos gastos crescentes, ressaltou a OCDE, depois de recordar que o superávit primário do Brasil excedeu em 0,2% do PIB a meta do governo, fixada em 3,8% do PIB.

A OCDE destacou ainda que o Brasil tem mostrado uma forte resistência aos choques externos ao longo dos anos, mas alertou que uma desaceleração mundial maior do que a esperada pode afetar o crescimento das exportações.

"A deterioração do clima financeiro mundial é a principal fonte de risco para o Brasil", conclui.

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