Foto: Fapesp
Quando se fala em pesquisa e desenvolvimento (P&D) no Brasil, um dos pontos mais unânimes é que a atividade ainda se concentra muito mais no setor público do que nas empresas, o que configura um cenário distante dos encontrados nos países mais ricos, que respondem por mais da metade da P&D no setor produtivo.
No entanto, os números não implicam que as empresas nacionais ou instaladas no Brasil não estejam preocupadas com pesquisa, desenvolvimento e inovação, não por coincidência os temas que conduzem a 8ª Conferência Anpei de Inovação Tecnológica, realizada pela Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras.
A conferência, que ocorre em Belo Horizonte até 21 de maio, reúne aproximadamente 600 pessoas, entre especialistas, empresários, pesquisadores e interessados no assunto.
O primeiro dia da conferência teve um recorte específico no sistema de inovação mineiro. Para os especialistas presentes, Minas Gerais foi um dos estados que mais se adequaram à Lei de Inovação, publicada em dezembro de 2004.
“Reconhecemos que o setor empresarial está sendo ouvido, mas ainda há muito espaço para avançar”, ressaltou Heloísa Regina Guimarães de Menezes, superintendente do Instituto Euvaldo Lodi de Minas Gerais. Segundo ela, é preciso criar uma cultura de inovação para ajudar as empresas a elaborar projetos e captar recursos em temas ligados à inovação.
A questão da “cultura da inovação” também foi tratada pelo sociólogo Glauco Arbix, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, que, ao abordar as estratégias de política industrial e de inovação de sete países – Estados Unidos, Canadá, França, Reino Unido, Finlândia, Irlanda e Japão –, frisou a necessidade da construção, no Brasil, de agências de inovação que auxiliem as empresas a elaborar projetos e identificar quais são os gargalos na sua atividade inovativa.
Dentre os representantes do governo federal, Guilherme Henrique Pereira, secretário de Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), falou sobre o Plano de Ação da Ciência, Tecnologia e Inovação, conhecido como PAC da Ciência e lançado no fim do ano passado.
O plano tem entre seus objetivos estimular o investimento em P&D no setor privado, que, em 2006, destinou cerca de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional para a atividade. A meta do PAC da Ciência é aumentar esse investimento para 0,65% do PIB até 2010. Para atingir a meta, o MCT pretende investir em bolsas de pesquisa, em programas como os fundos setoriais e nos incentivos fiscais para as empresas realizarem P&D no Brasil.