Uma reportagem do jornal britânico The Independent afirma na sexta-feira (2) que a economia brasileira vive "tempos de Carnaval", após a decisão da agência de risco Standard & Poors de elevar a avaliação de crédito do país para "grau de investimento".
"Antes uma bagunça econômica até para os padrões de mercados emergentes, o Brasil registrou uma impressionante recuperação (nos anos 1990), e agora promete se tornar uma grande potência global", relata o texto, que ocupa duas páginas inteiras do jornal, em formato tablóide.
Nele, o jornalista Stephen Foley analisa por que o país - "rico em recursos naturais e com um dos setores agrícolas mais eficientes do mundo emergente" - tem atraído investimentos, e como a avaliação de risco favorável pode trazer mais recursos.
A valorização das commodities, a descoberta de petróleo, a política econômica cautelosa do governo petista e o investimento social, em especial o programa Bolsa Escola, colaboram para o que o analista chama de "longa trilha para longe da crise financeira, hiperinflação e esclerose democrática".
"O país pode finalmente estar pronto para cumprir suas promessas de potência econômica", escreve o Independent.
Mas o jornalista alerta que "a questão para o Brasil deixa agora de ser a estabilidade econômica, e passa a ser o crescimento".
Ele lembra que o país é o que menos cresce entre os chamados Bric - grupo que inclui ainda a Rússia, a Índia e a China -, que a dívida pública, embora em queda, permanece alta (cerca de 44% do PIB), e que o nível de investimentos ainda fica aquém do necessário.
Em um texto separado, o jornalista analisa a figura de Lula, cuja atuação centrista considera fundamental para explicar a concessão da nota ao Brasil.
O presidente brasileiro é definido pelo repórter britânico como "uma espécie de versão sul-americana do (ex-premiê britânico) Tony Blair, mas com uma história melhor".
Segundo a reportagem, Lula abraça a chamada Terceira Via e "passa uma sensação de confiança" para a comunidade empresarial internacional, sinal de que o Brasil não é um país hostil a investimentos.
Outros jornais
Outros jornais estrangeiros destacaram a concessão do grau de investimento ao Brasil. O britânico Financial Times disse que a medida coloca o Brasil "entre os primeiros (países) da lista dos investidores", embora ainda haja temores de que a economia nacional comece a entrar em um período de alta de juros e, portanto, de menor crescimento.
O diário financeiro francês Les Echos disse que o país se "banhou em uma doce euforia" após o anúncio, referindo-se à alta de mais de 6% da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), a maior em um só dia desde 2001.
"Voluntariamente ou não, os dirigentes brasileiros procuraram dissipar o velho adágio (atribuído ao general de Gaulle e normalmente lembrado como uma brincadeira) segundo o qual 'o Brasil não é um país sério'", escreveu o jornal francês.
Já o espanhol El País lembrou que a entrada do Brasil "no clube dos países seguros" facilita que "investidores que fogem dos mercados especulativos possam investir tranqüilos no país".
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