O Brasil conquistou, na tarde da quarta-feira (30/4), o tão sonhado grau de investimento. A agência americana de classificação de risco Standard & Poor’s elevou a nota brasileira de BB+ para BBB-, o primeiro da escala da agência para o grau não-especulativo. O país é o 14º a receber essa nota da S&P. Em comunicado à imprensa, a S&P justifica a revisão à “maturação das instituições do Brasil e da estrutura política, evidenciada pela melhoria da dívida fiscal e externa e pelas perspectivas de crescimento econômico.”
Para promover o país, a S&P relevou alguns indicadores brasileiros que ainda estão abaixo do nível de outras nações com nota BBB. O principal deles é o nível de endividamento do governo. “Embora a dívida líquida geral do governo permanece maior que o de muitos países BBB, o histórico de decisões previsíveis e confiáveis de gestão fiscal e da dívida pragmática mitiga esse risco”, afirma.
Para Maílson da Nóbrega, sócio da Tendências Consultoria e ex-ministro da Fazenda, a nova nota reflete “o reconhecimento do esforço do país nos últimos 20 anos para reformar as instituições, abrir a economia e estabilizar os preços”. Para Maílson, o mérito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, neste processo, foi preservar a política econômica de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, e “jogar fora as idéias equivocadas do Partido dos Trabalhadores”. Segundo ele, o Banco Central teve papel preponderante nessa conquista, ao “atuar em um ambiente hostil”, por não contar com o apoio dos assessores mais próximos de Lula.
O mercado respondeu imediatamente à promoção do país, e um dos reflexos é a queda acentuada do dólar. Por volta das 16h45, a moeda americana registrava baixa de 2,52%, negociada a 1,6630 real. A maior desvalorização do dólar é uma das preocupações do mercado, pois seu impacto poderia se mostrar em um desequilíbrio da balança comercial, reduzindo o superávit. Para Maílson, não é a hora de se preocupar com o câmbio. Segundo o ex-ministro, todos os países que foram promovidos a grau de investimento experimentaram, por um curto espaço de tempo, alguma valorização de suas moedas locais. Mas a tendência de longo prazo é de estabilização, porque os investidores costumam se antecipar aos fatos e “precificar” o câmbio já com o investment grade meses antes de a nota ser confirmada.
Mas a moeda americana mais barata tem um efeito positivo também - ajuda a conter as pressões inflacionárias, em um momento no qual a meta do IPCA de 2008 está cada vez mais distante das expectativas de inflação. “Num segundo momento, o Banco Central poderá abaixar os juros”, diz. “O pior que o Brasil pode fazer, neste momento, é mudar a política que nos trouxe até aqui”, afirma Maílson.
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