Foto: Okuma
No final da década de 1990 as fabricantes de caminhões, tratores e demais veículos pesados que tradicionalmente adquiriam peças fundidas e se incumbiam de usiná-las (internamente ou por terceiros), passaram a solicitar aos seus fornecedores que eles próprios entregassem essas peças já usinadas. A idéia era a de cada vez mais focar no seu papel de montadoras e, com isso, tornarem-se mais ágeis para atender à crescente demanda do mercado. Para adequar-se a essa nova tendência, a Lepe Indústria e Comércio incluiu-se no restrito rol de fundidoras que optaram por implantar uma divisão de usinagem em suas plantas.
Logo a empresa percebeu que essa seria uma forma de agregar valor aos seus produtos, o que a levou a investir, cada vez mais, em equipamentos de alta tecnologia. Apenas em 2007 a empresa adquiriu, para essa divisão, três máquinas de última geração da Okuma, fabricante de máquinas operatrizes de origem japonesa, e planeja comprar mais duas em 2008.
"É um mercado que tende a crescer ainda mais nos próximos anos porque muitas empresas, que originalmente dedicavam-se apenas à fundição, como era o nosso caso, estão se voltando também para a usinagem porque há grande demanda para ser atendida", destaca Luiz Carlos Koch, diretor de Suprimentos da Lepe.
De acordo com o executivo, no início a empresa havia optado por terceirizar a usinagem das peças, mas concluiu que esse processo não era eficiente e que o ideal seria, ela mesma, fornecer as peças acabadas aos seus clientes. Com base nisso, decidiu comprar as máquinas da unidade de usinagem de uma montadora de tratores que era sua cliente e que estava iniciando um processo de terceirização. "Assim construímos uma nova divisão na nossa planta fabril, instalada em Guarulhos (interior de SP) e contratamos um gerente especializado em usinagem que nos ajudou a montar uma equipe", lembra Koch.
Os resultados obtidos foram positivos e a empresa decidiu otimizar essa unidade através da aquisição de máquinas de maior complexidade tecnológica. Rubens Kawakami, diretor industrial de usinagem da Lepe, destaca que outro impulsionador foi o aumento da competitividade que obrigou a empresa a ser mais eficiente. "Por isso decidimos investir em máquinas mais sofisticadas e modernas, que necessitassem de pouca manutenção. Visitamos várias feiras de equipamentos nacionais e internacionais e após uma série de análises, optamos pela Okuma, devido à sua tecnologia de ponta e pelo seu histórico de atendimento", destaca.
"Inicialmente compramos um centro de usinagem horizontal e no mesmo ano um outro centro modelo MA-500. Os ganhos obtidos foram excepcionais em termos de agilidade e melhoria da qualidade. Em comparação às máquinas que dispúnhamos anteriormente, registramos uma redução de 60% no tempo de usinagem e uma economia da ordem de 30% em ferramentas", salienta Kawakami. Com base nisso, a Lepe adquiriu mais um equipamento da Okuma em 2006 e este ano, mais três máquinas: um torno horizontal e dois centros verticais, totalizando investimento da ordem de R$ 3,5 milhões.
Atualmente a empresa produz 1.100 toneladas/ mês de peças fundidas, das quais 250 toneladas são usinadas internamente e 350 toneladas, por terceiros. "Ainda não temos capacidade instalada para usinar todas as peças em casa porque isso exigiria uma aplicação muito grande de recursos. Optamos por crescer aos poucos e de forma contínua", justifica Luiz Carlos Koch. Além disso, o executivo destaca que alguns clientes ainda preferem receber as peças fundidas em estado bruto e outros, metade do pedido em bruto e metade usinada.
No que se refere ao relacionamento com a Okuma, Koch revela que houve uma boa integração entre as empresas, tanto em termos comerciais, como na área produtiva. "A alta qualidade das máquinas atende plenamente às nossas necessidades e se traduz numa ótima relação custo/benefício", acrescenta. Alcino Bastos, gerente geral da Okuma, também está bastante satisfeito com a parceria. "A Lepe nos mostrou que o segmento de fundição constitui um nicho com grande potencial para ser explorado pelas fabricantes de máquinas operatrizes e vamos procurar atendê-lo da melhor forma", destaca.
Operação inédita
Outra recente aquisição da Lepe foi o torno modelo LU-400, da Okuma, que será empregado na sua unidade fabril de virabrequim (auto-peça utilizada em motores à explosão de carros de passeio). "Fabricamos esse tipo de peças desde a década de 60 para atender ao segmento de reposição", explica Rubens Kawakami. O que vale ser destacado, segundo o diretor industrial, é que o novo torno será utilizado de forma inédita. "Iremos usinar a parte do virabrequim que é excêntrica e para isso tivemos que desenvolver dispositivos e ferramentas especiais de usinagem", explica.
Atualmente a unidade de produção de virabrequim representa 5% da capacidade de produção da Lepe, sendo que 70% das peças são exportadas principalmente para a Venezuela e Alemanha. "Era um segmento que estava sendo esquecido, mas que decidimos reativar em virtude do aquecimento desse mercado. Por isso, investimos na máquina da Okuma, mais moderna e eficiente e que nos possibilitará reduzir custos através do aumento da produção", completa Kawakami.
A Lepe foi criada em 1949 inicialmente para produzir peças de borracha e de baquelite empregadas em eletrodomésticos, entrando na área de fundição a partir de 1952. Atualmente a empresa fornece peças fundidas (em bruto e usinadas) para montadoras e sistemistas da área automotiva pesada, incluindo em seu rol de clientes a Caterpillar, Scania, Volvo, Mercedes Benz, Fiat Allis, Cummins, MWM, ZF Brasil, ZF Sistemas, Eaton, Iveco, entre outros. A estimativa é de que a empresa fechará 2007 com crescimento de 8% na produção, devendo repetir o mesmo resultado em 2008.