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Mais do que vender, as marcas estrangeiras entram no país para estudar as possibilidades de instalar complexos industriais e ter, assim, o Brasil como porta para a América Latina. No caso dos fabricantes sul-coreanos, a Hyundai inaugurou em 2007 sua unidade industrial em Anápolis (GO). Agora, o mercado aguarda a chegada da Kia Motors.
A Hyundai produz o caminhão a diesel HR na fábrica de Anápolis (GO)
A Kia instalou em 2002 na cidade de Itu, no interior de São Paulo, um Centro Nacional de Distribuição de Peças. De acordo com José Luiz Gandini, presidente da Kia Motors do Brasil, o projeto de abertura de uma fábrica no Brasil é um assunto tratado apenas pelo Grupo Hyundai-Kia, na Coréia do Sul. “A Kia Motors do Brasil não tem nenhuma informação”, diz.
A Kia tem um Centro Nacional de Distribuição de Peças em Itu (SP) desde 2002
No caso da Hyundai Caoa, o projeto é de expansão. Por enquanto, a fábrica monta o utilitário HR. A previsão da empresa é que ainda este ano se inicie a produção do Tucson nacional — o que reduziria o preço final do SUV.
E o que os fabricantes nacionais farão para enfrentar a concorrência oriental? Na opinião do sócio-diretor da Trevisan Consultoria e especialista no setor automobilístico, Olivier Gerard, a resposta das “brasileiras” será um investimento mais pesados nesses nichos de mercado.
“Foi o que aconteceu com os sedãs médios, quando o Toyota Corolla e o Honda Civic dominaram as vendas e as brasileiras acordaram: lançaram o novo Chevrolet Vectra, o Renault buscar Mégane, Ford Fusion, Volkswagen Jetta etc. Isso fez com que mudassem um pouco”, analisa Gerard.
Segmento promissor
Ainda há nichos no mercado nacional não-explorados, segundo Olivier Gerard. Para o consultor, um dos segmentos que não são bem atendidos é o dos superesportivos. “Hoje não se vê mais este tipo de carro. Antes tinha o Mitsubishi Eclipse e ficou nisso”, observa.
“A Nissan é muito pequena no Brasil, do Honda Accura não se falou nada e a Mitsubishi está bem quietinha”, acrescenta.
O especialista acredita que a estratégia seria trazer modelos de “prestígio” com preços mais em conta. “São modelos com cara de carro de corrida e com preço razoável para o padrão brasileiro”, explica.
Outros asiáticos
Atualmente, quem começa a engatinhar no Brasil é a fabricantes chinesa Chana. Por enquanto, os chineses ainda não incomodam as fabricantes nacionais, entretanto, já causam temor. Para o diretor da Districar Importadora e Distribuidora de Veículos — empresa que importa os modelos da marca sul-coreana SsangYong —, Mohsin Ibraimo, daqui oito ou dez anos “o mundo inteiro irá querer um carro chinês”.
“Passamos por momentos difíceis e hoje estamos colhendo frutos. No futuro serão os chineses que irão colher os frutos”. No caso, os chineses chegam para atacar o mercado de carros compactos baratos, assim como a Índia.
Gerard explica que a fama chinesa está atrelada ao preço do carro, mais barato em função da mão-de-obra daquele país. No entanto, o especialista levanta duas questões que podem prejudicar a entrada dos carros ‘made in China’: a qualidade e a competição.
“Quando a Lada entrou no Brasil todo mundo queria comprar, até que se percebeu que era uma ‘carroça’”, afirma. “Além disso, quanto mais competição, menos atrativo é o país, ou seja, o Brasil não é tão significativo em termos de tamanho como o mercado chinês”, completa.