Combater a mudança climática e outras ameaças ambientais é algo relativamente barato, mas que precisa ser feito urgentemente, segundo relatório divulgado na quarta-feira (5) pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo que reúne 30 países desenvolvidos.
O texto diz que algumas salvaguardas ambientais poderiam retardar o crescimento mundial em apenas 0,03 ponto percentual ao ano - o que significa que até 2030 a economia global ficaria 97 por cento maior do que em 2005, ao invés do crescimento de 99 por cento sem as medidas.
"Não é muito a pagar", disse Angel Gurria, diretor da OCDE, no relatório de 520 páginas, intitulado Perspectiva Ambiental, divulgado em Oslo. Segundo ele, o custo se aproxima ao de uma apólice de seguro. "As consequências e custos da inércia seriam muito mais elevados", afirmou.
O estudo identificou temas mais prementes, como aquecimento global, perda de biodiversidade, escassez de água, exploração ilegal de madeira, poluição e resíduos tóxicos.
"Se não forem adotadas novas ações políticas, dentro de poucas décadas correremos o risco de alterar irreversivelmente a base ambiental para a prosperidade econômica sustentada", disse ele.
O relatório recomenda reformas nos setores que causam mais danos - energia, transporte, agricultura e pesca. "A remoção de subsídios ambientalmente nocivos, particularmente para combustíveis fósseis e produção agrícola, é um primeiro passo necessário", disse Gurria. Um hipotético pacote inclui um corte de 50 por cento nos subsídios agrícolas, um imposto de 25 dólares por emissão de cada tonelada de gases do efeito estufa (com adoção gradual, região por região), novos biocombustíveis, medidas contra a poluição atmosférica e melhorias nos sistemas de esgotos.
As medidas limitariam o crescimento global dos gases do efeito estufa a 13 por cento até 2030, em vez de 37 por cento. Metas mais rígidas no controle das emissões representariam um freio ligeiramente mais forte no crescimento mundial.
Outros estudos também indicam que o combate ao aquecimento global teria custos acessíveis. Em 2007, o Painel Climático da ONU avaliou esses gastos anualmente em 0,6 a 1 por cento do PIB global até 2030. Em 2006, Nicholas Stern, ex-economista-chefe do Banco Mundial, alertou que o aquecimento global poderia ter efeitos econômicos tão graves quando guerras mundiais ou a Grande Depressão.
Mais de 190 governos decidiram em dezembro em Bali (Indonésia) preparar um novo tratado contra o aquecimento, que suceda ao Protocolo de Kyoto, que expira em 2012. O novo tratado deve incluir metas também para países em desenvolvimento, como Brasil e China, o que não ocorria no Protocolo de Kyoto que foi uma das razões alegadas pelos EUA para se retirarem do tratado.
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