Fonte: O Estado de São Paulo - 22/03/07
O governo pode estar vendendo a idéia de que as exportações brasileiras estão conquistando o mundo, mas dados internos da Organização Mundial do Comércio (OMC) obtidos pelo Estado mostram que, na realidade, o País está estagnado e deve perder posições no ranking dos maiores exportadores globais.
Em 2006 a participação do Brasil no comércio internacional manteve-se entre 1,1% e 1,2%. Com isso, o País deve cair uma posição no ranking mundial elaborado pela OMC neste ano. A China ultrapassou os Estados Unidos em exportações nos dois primeiros meses de 2007 e caminha para se tornar a maior exportadora do mundo (à frente da Alemanha) ainda neste ano, fato inédito na história do atual sistema comercial. Dois meses de exportações chinesas superam a exportação anual brasileira.
Segundo dados preliminares da OMC, o Brasil deve ocupar a 24ª posição no ranking dos maiores exportadores do mundo de 2006, que será publicado em abril. Em 2005, o País era o 23º colocado, com 1,1% das exportações mundiais.
Apesar de o governo destacar que o valor das exportações em 2006 bateu o recorde do País, com US$ 137,4 milhões, o aumento em relação a 2005 não foi suficiente para que o Brasil subisse no ranking da OMC. No ano passado, o governo chegou a ficar tão empolgado com os resultados que anunciou que poderia fechar 2006 em nova posição no levantamento da OMC.
A Áustria, que estava na 22ª colocação, teve crescimento de 12,7% de suas exportações, para US$ 140,5 bilhões. A Suécia, que estava na 21ª posição, também atingiu US$ 140 bilhões em exportações. Para completar, os Emirados Árabes, que estavam na 24ª posição no ano passado, registraram uma alta de 36% em suas vendas de petróleo, o que deve acabar tirando o lugar do Brasil na 23ª colocação.
Para especialistas, porém, a classificação não é o centro do problema. Mas sim a participação e peso do País no comércio mundial, que pouco tem mudado nos últimos anos. No começo da década, o Brasil representava 0,9% das exportações mundiais. Em 2005, passou a representar 1,1% e deve chegar a 1,2%. Ainda assim, o porcentual é insignificante diante do tamanho da economia brasileira. O peso ainda é menor que o que o País detinha nos anos 80.
Para 2007, a possibilidade de subir no ranking da OMC e conquistar maior espaço no comércio pode ser mais difícil. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) anunciou a meta de exportar US$ 152 bilhões no ano, um aumento de 10,5%.
Segundo dados da OMC, a realidade é que as vendas brasileiras não conseguiram acompanhar o aumento registrado na média da América do Sul nem de alguns dos principais países emergentes, como China, Índia, México e Rússia, em 2006.
De janeiro a setembro, o aumento nas vendas brasileiras em valores foi de 16%, inferior aos 22,6% de 2005. No ano passado, o aumento das exportações mundiais em valores foi de 13%. Esse desempenho reflete muito mais os aumentos de preços internacionais das commodities do que um crescimento efetivo do volume de vendas dos produtos brasileiros. Na América do Sul, a taxa média de crescimento das exportações neste ano chegou a 26,6%.
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