A Michelin inaugura amanhã em Campo Grande, zona Oeste do Rio, a primeira fábrica do grupo no Brasil especializada em pneus de mineração e terraplenagem.
Antes mesmo do início de operação, a fabricante francesa estuda ampliá-la em 50%. O investimento previsto é de US$ 100 milhões. O projeto inclui a possibilidade de desenvolver no país fornecedores das máquinas para fazer esse tipo de pneu.
"Pretendemos nacionalizar parte desse maquinário, mas isso depende de custos. Se a máquina nacional for mais cara, continuaremos a importar", diz Luiz Fernando Fachini Beraldi, presidente da Michelin na América do Sul, que amanhã recebe o presidente da República e o governador do Rio em Campo Grande, onde já se fabrica pneus para caminhões e ônibus.
É a primeira fábrica de pneus para mineração e terraplenagem inaugurada pela Michelin em 23 anos. No total, a Michelin passa a ter quatro instalações dedicadas a este segmento, chamado de pneus para engenharia civil - Rio de Janeiro, Le Puy (França), Vitória (Espanha) e Lexington (EUA).
A grande maioria do bens de capital da nova fábrica, que entra em operação comercial em abril, foi importada pelo "ex-tarifário", regime que isenta equipamentos da cobrança do imposto de importação quando não há fabricação de similar nacional. A nova fábrica da Michelin custou US$ 200 milhões e exigiu outros US$ 120 milhões na instalação de unidades de produção de misturas e cabos de aço, insumos usados na fabricação dos pneus.
A previsão é produzir este ano 8 mil toneladas de pneus, volume que deverá subir para 27 mil em 2009 e atingir a capacidade plena de 40 mil toneladas em 2010. Essa fábrica atenderá clientes no mercado interno e no exterior, incluindo países da América do Sul, Europa e Ásia, além de Estados Unidos e África do Sul. Cinco pneus já foram exportados para a Espanha e mais 30 unidades embarcam para Houston (EUA) nesta quarta-feira. Entre os clientes da Michelin nos pneus de mineração estão grandes grupos como Vale, Codelco e BHPBilliton.
Beraldi diz que a Michelin sempre teve a expectativa de vir a exportar 80% da produção da nova unidade, mas no cenário atual, com a valorização do real frente ao dólar, este índice pode baixa para 70%. Segundo o executivo, na estratégia global da Michelin, Campo Grande vai operar de forma segmentada, especializando-se em pneus de 25 a 49 polegadas de diâmetro. Este pneu tem três metros de altura, vale cerca de US$ 18 mil e equipa veículos que podem transportar até 200 toneladas.
A produção de pneus de até 49 polegadas em Campo Grande irá substituir o fornecimento desse segmento feito pela unidade americana de Lexington, que vai se dedicar a fazer pneus maiores, entre 57 e 63 polegadas de diâmetro.
Hervé Le Gavrian, chefe do projeto da fábrica de pneus de engenharia civil de Campo Grande, disse que o estudo de expansão da fábrica recebeu sinal verde do conselho executivo da Michelin. Devem ser feitos estudos e as obras de expansão poderiam começar antes mesmo de a fábrica atingir a capacidade plena de produção, em 2010.
A expansão da nova fábrica da Michelin será sustentada pela demanda do mercado, com o crescimento de obras de infra-estrutura pelo mundo. Le Gavrian disse que, em 2008, a nova fábrica deverá produzir 12 dimensões diferentes de pneus de engenharia. O executivo afirmou que o projeto de expansão também passa por entendimentos com o governo do Estado do Rio sobre garantias relativas ao fornecimento de água para a fábrica.
No total, a fábrica de Campo Grande começará a operar com 200 funcionários, número que deverá dobrar. Na fábrica, fala-se em cinco idiomas: português, inglês, francês, espanhol e libras, a linguagem dos surdos-mudos usada para comunicar-se com portadores de deficiências que trabalham no local. Cem pessoas, entre operários e engenheiros, foram treinados no exterior.
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