Diante de uma referência às importações de produtos chineses, logo se pensa em bugigangas ou bens de consumo duráveis de baixo preço, graças aos baixos salários pagos aos operários daquele país.
No entanto, ao examinarmos os dados publicados pela Secretaria do Comércio Exterior (Secex) verifica-se que cada vez mais a China é um fornecedor de bens de capital para o Brasil.
No ano passado, pela primeira vez, nosso saldo comercial com a China foi negativo em US$ 1,869 bilhão, enquanto em 2003 era superavitário em US$ 2,386 bilhões. E tudo indica que o déficit aumentará em 2008, já que, no primeiro mês do ano, ele foi de US$ 882 milhões, apesar de um aumento de 17,2% de nossas exportações.
O que mais impressiona nas transações com a China é a importação de bens de capital. Num total de importações de US$ 12,618 bilhões em 2007, os bens de capital para a indústria somaram US$ 4,719 bilhões, representando 37,4% das importações provenientes da China.
No mesmo ano, as importações de bens de consumo duráveis somaram apenas US$ 1,741 bilhão, representando 13,8% do total que importamos da China.
Embora possa existir uma classificação diferente das importações provenientes da China, é interessante notar que, no ano passado, as importações de bens de capital representaram 20,8% no conjunto de todas as nossas importações, e as de bens de consumo duráveis (inclusive automóveis), 4,6% do total.
A importância dos bens de consumo duráveis decorre dos baixos preços oferecidos pela China. Dados da Secex indicam que alto-falantes importados da China custam US$ 2,3 o quilo, contra US$ 15 o quilo quando comprados dos EUA.
Para as placas de microprocessadores, os preços são respectivamente de US$ 196 e US$ 942 o quilo.
No entanto, os preços de bens de equipamentos têm um valor unitário muito maior, mas muito abaixo dos preços encontrados em outros países. Geralmente são máquinas produzidas em série, ou sob encomenda, para operações não muito complexas, e que, com o baixo custo da mão-de-obra chinesa, ficam muito baratas.
Essas importações permitem reduzir a prazo médio a importação de bens de consumo.Todavia, deve-se levar em conta os eventuais problemas para substituição de peças desses equipamentos, de manutenção de estoques suficientes de peças, além da necessidade de uma boa assistência técnica.
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