Construção faz procura por aço longo disparar

A demanda por aços longos terminou o ano acelerada, com aumento de aproximadamente 30% das vendas, puxadas pelo bom desempenho da construção civil e também da indústria automotiva, que utiliza o aço nos processos de forjaria.

A procura pelo produto é grande e vem fazendo os principais produtores, como Gerdau e o grupo Votorantim, trabalhar a todo vapor na produção e nas suas expansões de capacidade já anunciadas. A Votorantim Metais, por exemplo, está mais do que dobrando a capacidade, com a construção de uma usina em Resende (RJ), próxima da planta de Barra Mansa.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), as vendas de aços longos pelas usinas brasileiras em dezembro do ano passado cresceram 28,6% em relação ao último mês de 2006, somando 626 mil toneladas. No acumulado do ano, o crescimento nas vendas de aço longo foi de 16,1%, superando as 7,6 milhões de toneladas.

As encomendas pelo produto na Açometal, distribuidora de aço que, dentre outras empresas, compra da Gerdau, estão em franco crescimento, refletindo o que vem acontecendo com o mercado. André Dias, diretor-geral da empresa, diz que a procura é diversificada, não se limitando apenas à construção civil.

"O setor automotivo vem comprando muito aço longo. Isso ajuda a fazer a demanda crescer a 'taxas chinesas'", diz. Isso é um reflexo do bom momento da indústria automobilística, cuja produção cresceu na casa dos dois dígitos em 2007 e tem expectativa de se aproximar dos 10% de aumento neste ano.

Outro setor que vem consumindo muito aço longo é o sucroalcooleiro, que utiliza na construção de suas usinas, segundo Dias. "São indústrias importantes que estão em crescimento", diz.

Dias destaca também o setor de construção civil. "Muito do mérito vai ao presidente Lula, que fez valer a promessa de destinar parte da poupança para o crédito imobiliário, aumentando a demanda nas grandes cidades", diz.

Ele explica que o setor é o primeiro a cair em fase de desaceleração da economia, e o último a reagir quando há melhoras. "Como está em alta, podemos ver que o Brasil está numa fase de muito consumo", afirma.

A Açotubo, outra distribuidora de aço, também comemora o aumento nos pedidos. "Só em aço longo superamos nossa meta em 27% e encerramos 2007 com acréscimo de 35%", diz Wilson Bassi, diretor financeiro da empresa.

A distribuidora anunciou investimentos de R$ 9 milhões para serem aplicados até a metade de 2008. No ano passado a Açotubo incrementou em 30% o faturamento, fechando o ano com R$ 390 milhões. As boas perspectivas ocorrem, principalmente, por conta do aquecimento da indústria nacional e também pela busca de grandes projetos para a carteira de pedidos da distribuidora.

De acordo com ele os principais setores que demandaram foram: automotivo, petrolífero e agrícola. "A construção civil também puxou nosso resultado para cima, mas não é o responsável", explica Bassi. O executivo prevê que este ano seja tão positivo quanto 2007. "Esperamos crescimento igual ou superior ao resultado alcançado no ano passado", comemora.

Os últimos grandes contratos fechados pela Açotubo, segundo Bassi, foram pedidos da Braskem, ValeSul Alumínio, Petrobras e MBR.

Entraves


"Essa demanda por aços longos poderia ser maior, caso não houvesse problemas de infra-estrutura e a alta tributação no Brasil. Estes entraves inibem, investimentos de grupos estrangeiros", diz Dias, da Açometal.

A produção de aço no Brasil possui custo baixo, uma vez que há abundância de minério de ferro com qualidade no País. "Produzir aço aqui é bom e os grupos internacionais sabem disso. Mas como não se sabe com certeza se terá energia no futuro, acabam engavetando alguns projetos", afirma.

Outro fator que deixa as empresas do setor em estado de alerta é a crise que vem afetando a economia norte-americana. "Essa balançada nos Estados Unidos deixou o pessoal mais cauteloso ao falar em expansão de capacidade. Tem demanda aqui, mas há sempre o risco de um investimento", explica. "Não sei até quando vamos ficar sem sentir os abalos dessa crise mundial", finaliza o diretor.