Fotos: Ford
A direção da Ford já encerrou a primeira fase de negociação com a empresa indiana Tata Motors para a venda das marcas de luxo Jaguar e Land Rover. "Vamos agora para a segunda fase", diz o vice-presidente de planejamento estratégia da Ford Europa, David Schoch, que em março passará a assumir o comando das operações da América do Sul e Canadá.
Por meio de suas declarações, os executivos da Ford parecem já dar como certo o fechamento do negócio com a empresa indiana. Nos Estados Unidos, eles elogiam a trajetória de Ratan Tata, o homem que, segundo o próprio Schoch lembra, já está sendo considerado como o novo Henry Ford da Índia, ou seja, um visionário. Schoch diz que não sabe, no entanto, quando as negociações vão se encerrar. E não há prazo definido para isso.
O interesse da Tata pelas marcas de luxo da Ford entusiasma os executivos da montadora americana. Eles parecem empolgados com a chance cada vez mais próxima de vender esse patrimônio a uma empresa que já atua no setor automobilístico.
Para os apaixonados por carros e não apenas interessados em sanar as finanças, vender essas marcas a uma outra montadora garante mais chances de o estilo desses carros de luxo, o maior diferencial das duas marcas, ser preservado.
Os executivos da Ford admitem que surgiram grupos de investimento interessados na compra. Como ocorreu com a Chrysler, vendida ao fundo Cerberus. "Mas preferimos entregar essas marcas a uma empresa automobilística", afirma Dom DiMarco, que comanda as operações no Canadá e América do Sul.
Com a compra de Jaguar e Land Rover, a Tata mostra que pretende seguir estratégia semelhante à adotada pela própria Ford quando adquiriu as mesmas duas marcas dos ingleses, em 1998 e 2000, respectivamente. A empresa indiana persegue o sonho de dominar o desenvolvimento da tecnologia do alto luxo.
Dessa forma, o grupo terá condições de oferecer desde o carro de US$ 2,5 mil, lançado na semana passada, até requintes como modelos Jaguar que nos Brasil chegam a custar mais de R$ 500 mil.
O chamado grupo "premier", que reúne as duas marcas de luxo e também a Volvo Cars, deu prejuízo de US$ 93 milhões no terceiro trimestre de 2007, mas lucro no acumulado do ano. O balanço financeiro da companhia americana, inclusive, mostra como os ganhos obtidos com essa divisão e mais as operações na América do Sul e Europa conseguem de alguma forma aliviar ao altos prejuízos que persistem no mercado dos Estados Unidos.
Nos primeiros nove meses de 2007, último resultado divulgado, a Ford teve um prejuízo de US$ 1,472 bilhão nas operações da América do Norte. A América do Sul registrou lucro de US$ 754 milhões. Lucratividade semelhante obteve o chamado grupo "priemier", com US$ 764 milhões. O valor positivo superou os ganhos que a companhia obteve com as vendas da marca Ford em toda a Europa - US$ 646 milhões.
Mas os executivos argumentam que a companhia quer se concentrar nas operações da marca Ford. Daí a decisão de vender a Jaguar e a Land Rover.
Aos 70 anos de idade, Ratan Tata, é um empresário admirado não apenas na Ford. Como nesse momento estão todos envolvidos com o salão de Detroit, os executivos dos maiores fabricantes de veículos ainda não tiveram a oportunidade de conhecer a última novidade da Tata - o carro de US$ 2,5 mil desenvolvido todo na Índia.
Mas estão todos muito curiosos. Principalmente os especialistas em design. Ed Welburn, vice-presidente de design global da General Motors, é um dos profissionais mais requisitados no salão pelos mais interessados em detalhes de estilo de carros especiais como a linha Cadillac.
Mas Welburn está com a atenção voltada também para longe de Detroit. Ele conta que está com uma equipe de desenhistas na Índia para conhecer melhor o Nano, o carro da Tata. "É prematuro dar opiniões, mas eu estou muito interessado nesse carro".