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Com o objetivo de identificar, analisar e apontar as oportunidades e desafios que serão enfrentados por diferentes setores nas próximas décadas, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) publicou recentemente o estudo Macrotendências para o Futuro da Indústria 2040, conduzido pelo Observatório Nacional da Indústria. De acordo com a publicação, o projeto mapeou 14 macrotendências globais com potencial de transformar profundamente a indústria brasileira nos próximos anos. Ao todo, 21 estados participaram, 261 indústrias foram envolvidas e 10 setores industriais foram selecionados. Entre esses setores, os segmentos de Máquinas e Equipamentos e de Metalurgia, se destacam como fundamentais para a competitividade e desenvolvimento da indústria brasileira.
Para o desenvolvimento da pesquisa, foram considerados aspectos sociais, tecnológicos, ambientais e econômicos e, no caso do setor metalmecânico, as macrotendências mais relevantes incluem recomendações no que diz respeito às cadeias multidimensionais, consumo singular, escassez de recursos, mudanças climáticas e transição tecnológica e digital.
Segundo o estudo, com mais de 48 mil empresas e empregando cerca de 695 mil trabalhadores, o segmento de máquinas e equipamentos é um motor do desenvolvimento industrial. Sua produção anual atinge R$ 339 bilhões, com um índice de industrialização de 41%, gerando R$ 31,3 bilhões em arrecadação. No mercado externo, o setor exportou aproximadamente US$ 11,7 bilhões, mas enfrenta um déficit comercial, com importações na casa dos US$ 24 bilhões.
Analisando esse cenário, a pesquisa aponta a necessidade de fortalecer as cadeias globais de suprimento, abordando a dependência excessiva de rotas específicas e a escassez de recursos. O uso de tecnologias emergentes, como inteligência artificial e blockchain, é mencionado como uma solução para otimizar a logística, melhorar a rastreabilidade e reduzir os impactos ambientais. Além disso, a capacitação de colaboradores para atuar no comércio internacional e o estabelecimento de hubs nacionais de inovação são apontadas como medidas que podem mitigar riscos e melhorar a competitividade do setor.
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Segundo o mapeamento setorial, a manufatura aditiva, aliada à realidade aumentada e inteligência generativa, também está revolucionando a produção de protótipos personalizados, acelerando o desenvolvimento de novos produtos e reduzindo custos. De acordo com o estudo, a implementação de modelos como "máquina como serviço" (MaaS) oferece maior flexibilidade e acesso a equipamentos avançados, o que fortalece a competitividade do setor.
O documento também ressalta a importância da inovação ser estimulada na criação de produtos e serviços que garantam a segurança e a eficiência das máquinas e equipamentos, contribuindo para o bem-estar dos usuários. Além disso, o desenvolvimento de um plano de gerenciamento de riscos focado na escassez de recursos essenciais é apontado como imprescindível para a sustentabilidade industrial.
A pesquisa e o investimento em materiais mais leves e resistentes, como plásticos biodegradáveis e metais de baixo impacto, também são recomendados para reduzir o peso e aumentar a durabilidade de máquinas e equipamentos. Assim como, a implementação de um modelo de economia circular, que favoreça a reutilização de materiais e minimize resíduos. Reforçando essa abordagem, o estudo recomenda projetar máquinas e equipamentos que não só melhorem a eficiência dos recursos em diferentes setores, mas que também promovam a inovação na área de energia, com foco no armazenamento e no uso mais eficiente de recursos escassos.
A reutilização de componentes e a reciclagem de materiais, aliadas à avaliação do ciclo de vida completo dos produtos — da extração de matérias-primas ao descarte também são indicadas como estratégias eficazes para minimizar os impactos ambientais. Além disso, a análise de informações aponta que ampliar a oferta de serviços de manutenção, reparo e recondicionamento contribui para a redução de resíduos, ao mesmo tempo em que prolonga a vida útil dos equipamentos.
Já no setor de metalurgia, que produz materiais primários, como ferro, aço e alumínio, a pesquisa mostra que o segmento é estratégico para a indústria brasileira e é também um importante gerador de empregos, contratando cerca de 737 mil pessoas em quase 50 mil empresas. Com uma produção anual de R$ 204 bilhões e um nível de industrialização de 33%, o setor arrecada R$ 28 bilhões por ano e, no comércio internacional, destaca-se com exportações que somam aproximadamente US$ 27 bilhões.
Neste setor, as demandas são igualmente desafiadoras, devendo focar na modernização de processos produtivos, na adoção de tecnologias para manufatura aditiva e na implementação de soluções que promovam a economia circular. A eficiência energética também é um ponto extremamente importante, com recomendações que incluem o investimento em fontes de energia limpa e o desenvolvimento de ligas metálicas sustentáveis.
De acordo com o estudo, as transformações climáticas afetam especialmente a metalurgia, que precisa adaptar sua infraestrutura para resistir a eventos extremos e reduzir sua pegada de carbono. Por isso, a pesquisa destaca a importância da implementação de práticas de produção enxuta, reciclagem de resíduos e o uso de nanotecnologia para aumentar a eficiência dos processos e reduzir custos. Além disso, a integração de sistemas de monitoramento de consumo energético com tecnologias como inteligência artificial e IoT é recomendada para otimizar o uso de recursos e melhorar a gestão sustentável.
A criação de laboratórios de inovação para o desenvolvimento de técnicas e processos metalúrgicos, focados em pesquisa aplicada, também é apontada como estratégia para manter a indústria à frente das tendências tecnológicas. O estudo mostra que a implementação de treinamentos em áreas como ciência de dados, inteligência artificial e automação, aliada ao aprimoramento contínuo das competências dos colaboradores, assegura a evolução da força de trabalho ao mesmo tempo que aumenta a eficiência e segurança operacional.
O mapeamento também sinaliza que a aplicação de design para fabricação e montagem (DFMA) tem ganhado destaque ao otimizar o custo de produção e facilitar a montagem e desmontagem dos produtos pelos próprios consumidores. Paralelamente, o estudo aponta que o setor metalúrgico deve se comprometer com a sustentabilidade investindo em ligas metálicas projetadas para impressão 3D, com foco em resistência e leveza.
Ao integrar essas macrotendências em seus planejamentos, tanto o setor de Máquinas e Equipamentos quanto o de Metalurgia têm o potencial de se tornarem líderes na transição para um modelo industrial mais sustentável, inovador e resiliente. Com isso, podem não apenas superar desafios, mas também aproveitar oportunidades geradas por um mercado dinâmico e em constante evolução.
*Imagem de capa: Depositphotos.com
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