China testa tijolos espaciais para construir base lunar

A missão, que faz parte dos planos de exploração lunar da China, visa utilizar materiais locais para construir uma base permanente na lua até 2035

A China iniciou uma nova etapa em sua ambiciosa missão espacial ao enviar amostras de tijolos para o espaço em um foguete Tianzhou-8. O experimento tem como objetivo testar a viabilidade de utilizar tijolos fabricados com materiais lunares para construir uma base permanente na lua até 2035. De acordo com a Folha de Pernambuco, o lançamento aconteceu na noite de sexta-feira, 15 de novembro, a partir do centro de lançamento de satélites de Wenchang, no sul da China, e a carga foi destinada à estação espacial Tiangong, que orbita entre 400 e 450 km da Terra.

Este experimento é parte da preparação da China para uma missão humana à lua até 2030, com a meta de estabelecer uma base lunar que seja autossustentável. Um dos principais desafios para a construção de uma estrutura permanente na lua é a utilização de materiais locais, já que levar grandes quantidades de recursos da Terra seria impraticável e caro. Nesse contexto, a pesquisa com os tijolos fabricados a partir de materiais extraídos da lua, como o basalto, se torna fundamental.

Três vezes mais resistentes 

A equipe de pesquisadores, liderada pelo professor Zhou Cheng, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Huazhong, está testando diferentes tipos de tijolos expostos a condições extremas simulando o ambiente lunar, que inclui variações extremas de temperatura (de -190°C a +180°C), radiação cósmica e impactos de micrometeoritos. Esses tijolos, projetados para serem três vezes mais resistentes que os convencionais e se encaixarem sem a necessidade de aglutinantes, têm como objetivo superar as dificuldades de construção no satélite natural da Terra.


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Inspirados nas amostras de solo lunar trazidas pela sonda Chang’e 5 em 2022, os tijolos possuem características que os tornam promissores para o futuro da construção lunar. Segundo Zhou Cheng, a principal vantagem dessa pesquisa é a possibilidade de utilizar o solo lunar, o que reduziria significativamente os custos de transporte de materiais da Terra. “É muito mais barato usar recursos locais do que depender de materiais trazidos da Terra”, explica o professor.

O projeto chinês, que faz parte da Estação Internacional de Pesquisa Lunar (ILRS), também conta com a colaboração de outros países, incluindo a Rússia e nações como Venezuela, Paquistão e Senegal. Este esforço coloca a China na vanguarda de um novo ciclo de exploração lunar, em que outros países, como os Estados Unidos e a União Europeia, também buscam desenvolver tecnologias para a construção de bases no satélite natural da Terra.

*Imagem de capa: Depositphotos.com