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A menos de um mês dos primeiros prazos estabelecidos no Protocolo de Kyoto para a redução das emissões de gases do efeito estufa em 36 países desenvolvidos, 16 deles ainda estão acima de suas metas e terão de comprar créditos de carbono para cumpri-las, atraindo críticas dos participantes de uma reunião da Organização das Nações Unidas (ONU) em Bali.
"Há esta sensação bastante forte (entre os países mais pobres) de que vários compromissos nessas áreas, compromissos do passado, não foram cumpridos e serão convenientemente esquecidos quando passarmos a um novo item da pauta, chamado 'o futuro"', disse Yvo de Boer, responsável da ONU pelos debates sobre a mudança climática.
Cerca de 190 países estão reunidos na ilha indonésia de Bali para iniciar um período de dois anos de negociações que levem a um tratado que suceda ao Protocolo de Kyoto a partir de 2013. O objetivo é que o novo acordo junte países ricos e pobres, já que as metas de Kyoto, a serem cumpridas pelos países desenvolvidos entre 2008-2012, são consideradas modestas demais num prazo mais longo.
O Protocolo de Kyoto obriga que os países ricos reduzam suas emissões de gases do efeito estufa numa média de 5 por cento sobre os valores de 1990, até 2008-2012 (a data exata varia de país para país). Mas há a possibilidade de que nações ricas adquiram créditos de carbono das nações pobres, o que equivale a comprar um direito de emitir poluição. O Protocolo de Kyoto não obriga países em desenvolvimento a fazerem reduções.
Alguns países em desenvolvimento, como o Brasil, acham que os países ricos deveriam fazer cortes mais incisivos em suas emissões domésticas, restringindo o uso de combustíveis fósseis, antes de começarem a pensar em novas formas de bancar cortes mais baratos no exterior, como na redução do desmatamento. A devastação de florestas tropicais é um dos grandes fatores que contribuem para a mudança climática.
Para dar foco na ação local, a União Européia propôs limitar o esquema de créditos de carbono a 10 por cento do total a ser cortado para que o bloco atinja a meta de reduzir 20 por cento das suas emissões até 2020, disse De Boer à Reuters.
A UE, que na quarta-feira recusou-se a comentar essa medida, deve detalhá-la em janeiro.