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Teve início do mês de agosto o Projeto Estruturante de Baterias de Íons-lítio, que será operacionalizado pelo Senai Paraná por meio do Instituto Senai de Inovação em Eletroquímica, no Campus da Indústria, em Curitiba. O evento que marcou o início das atividades contou com a participação virtual de Roberto Medeiros, superintendente de Inovação e Tecnologia do Senai Nacional, e Luciano Cunha de Sousa, coordenador de novos programas da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embraii). A aliança industrial que conta com a participação de quase 30 empresas de diferentes setores foi citada como um fator determinante para a viabilização do projeto.
“Acredito que estamos vivenciando um momento histórico. Tenho certeza de que realizaremos um belo projeto e que temos muito a aprender uns com os outros”, afirmou Medeiros. O coordenador de novos programas, por sua vez, ressaltou o avanço significativo que o país está alcançando. “Entendemos que este projeto tem o potencial de transformar o setor e impulsionar a indústria brasileira. Baterias, em particular, são de extrema importância, especialmente para o setor de mobilidade, que é o foco principal deste projeto. Estamos empolgados não apenas pelo projeto em si, mas por acreditarmos que ele marca o início de uma nova era”, disse Sousa.
“Assumimos um grande compromisso com o estado do Paraná. Foi uma imensa comemoração quando fomos selecionados para o projeto, e é uma satisfação enorme iniciar esse trabalho. Em 36 meses, a satisfação será ainda maior quando concluirmos esta fase. Digo isso porque este certamente é o começo de grandes projetos para o setor de mobilidade em geral”, declarou Fabiano Scheer Hainosz, gerente sênior de tecnologia e inovação do Senai Paraná.
Leonardo Amaral, gerente de Regulatory Compliance da Stellantis, destacou a importância de o Brasil dominar a tecnologia de produção de baterias de íons-lítio. “Esta tecnologia não existe no mercado nacional. Este projeto será fundamental para a transformação da mobilidade no Brasil, oferecendo ao consumidor soluções sustentáveis em várias plataformas e graus de eletrificação. Dominar essa tecnologia permitirá que o Brasil se torne um polo fornecedor e, potencialmente, um exportador, especialmente para o hemisfério sul, onde há países com características socioeconômicas semelhantes às nossas.”
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Amaral acrescentou: “Sabemos que a matriz energética brasileira é uma das mais limpas do mundo. Combinada com o etanol, essa bateria pode praticamente zerar a emissão de carbono de um produto. Para a sociedade e para o país, é de suma importância que tenhamos esse domínio tecnológico.”
Valter Luiz Knihs, diretor da WEG, destacou que o mundo está em transformação e que sem inovação não há futuro. “Estamos preocupados com o futuro do planeta. O domínio tecnológico de células de íons-lítio é um caminho obrigatório, não só para a mobilidade, mas também para a energia. Toda a transição energética, com o uso de energias renováveis, precisa de armazenamento, o que requer muitas baterias. Essa é a rota que o mundo inteiro está buscando.”
Raul Beck, responsável técnico pela área de sistemas de energia do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD), também enfatizou o momento de transformação energética global. “A busca por energias renováveis e a independência de energias fósseis que agridem o meio ambiente são fortes tendências mundiais. Nessa busca contínua, é imprescindível armazenar essas energias, não apenas gerá-las, e as baterias desempenham um papel fundamental nesse processo”, afirmou.
Segundo Marcos Berton, pesquisador-chefe do Instituto Senai de Inovação em Eletroquímica, ter uma indústria de produção de células de íons-lítio no Brasil poderia resultar na bateria com a menor pegada de carbono do mundo. “Hoje, a maior parte das baterias é produzida na Ásia, onde grande parte da energia utilizada emite grandes quantidades de gases de efeito estufa. O Brasil, por outro lado, tem uma vantagem competitiva do ponto de vista ambiental”, destacou.
Berton explicou que dentro da bateria de lítio há um componente, uma folha de alumínio, e o Brasil é um grande produtor desse material. “No Brasil, para cada tonelada de alumínio produzida, emitem-se 3,8 toneladas de CO2. Parece muito, mas é bem menos que a média mundial, onde se emitem 11 toneladas de CO2 por tonelada de alumínio produzida. Produzir os componentes, os insumos e a própria bateria no Brasil resulta em uma pegada de carbono muito baixa, o que é muito significativo. O Brasil pode se tornar um protagonista e um player global na produção de produtos com baixa pegada de carbono”.
Sobre as expectativas para o projeto, Berton é otimista: “A expectativa é que a gente consiga trazer e montar toda essa infraestrutura de equipamentos, iniciar a produção, o desenvolvimento dessas células o mais breve possível. Entregando o mais rápido possível, a gente vai ter uma curva de aprendizagem da operação desse sistema, de toda essa planta operacional em curto espaço de tempo. Então, nós esperamos que isso ocorra dentro dos prazos previstos”, finaliza.
O projeto será desenvolvido ao longo de três anos e contará com recursos do programa Mover advindos do Senai Nacional e da Embrapii. Serão R$ 68,6 milhões destinados ao projeto, que também terá o apoio de Instituições parceiras como o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD), Lactec, Centro Técnico de Embalagens (Cetem) e Instituto Senai de Inovação em Sistemas Embarcados.
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