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O setor metalmecânico brasileiro enfrenta desafios significativos, conforme revelado pelo mais recente relatório da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), divulgado em março de 2024. Embora os dados de fevereiro mostrem uma alta na receita líquida de vendas, tanto no mercado interno quanto externo, a análise interanual revela uma queda preocupante. No primeiro bimestre deste ano, o setor viu uma redução nas exportações e um declínio contínuo nas receitas de vendas no mercado interno, retornando aos níveis observados durante a crise fiscal de 2016-2017.
No primeiro bimestre do ano, em relação ao mesmo período em 2023, houve queda tanto na receita oriunda de venda no mercado interno quanto externo. As exportações em dólares registraram desempenho negativo (-9,2%), segundo a Abimaq. Neste período, embora a receita líquida tenha melhorado em relação a janeiro, ainda ficou aquém dos números de fevereiro de 2023.
As receitas de vendas de máquinas no mercado interno têm mostrado uma tendência de queda desde 2022, com declínios de 6,9% em 2022, 15,4% em 2023 e uma redução ainda maior de 18% no primeiro bimestre de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023. Essa queda coloca as receitas de vendas no mercado interno de máquinas de volta ao nível observado durante a crise fiscal de 2016-2017, destacou a Abimaq.
Além disso, as exportações também foram afetadas negativamente, como evidenciado pelo total de US$ 829 milhões em fevereiro de 2024, que representou uma queda de 21,4% em relação a janeiro de 2024.
Em 2023, as exportações brasileiras de máquinas atingiram um desempenho histórico, chegando a quase US$ 14 bilhões, superando o recorde anterior de 2012. No entanto, no início de 2024, houve uma leve queda, tanto em valores quanto em quantidades físicas exportadas. “Naquele ano, em média a indústria de máquinas exportou US$ 1,16 bi ao mês, porém o patamar registrado neste início de ano de 2024 está levemente inferior”, diz a Abimaq.
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Em fevereiro de 2024, todas as sete categorias monitoradas de máquinas e equipamentos apresentaram contração nas exportações em comparação com janeiro de 2024. Notavelmente, houve aumento nas exportações para infraestrutura e indústria de base, mas em geral, as exportações foram menores em relação ao ano anterior, com exceção desses setores, impulsionadas por um grande projeto de tratamento de água para Singapura.
“Dentre os grupos que registraram maior queda apareceram os produtores de máquinas para a indústria de transformação, tanto as direcionadas para fabricação de bens duráveis como de não duráveis, houve crescimento ainda nas exportação de máquinas para infraestrutura e indústria de base”, diz o relatório.
Singapura emergiu como o quarto principal destino das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos em 2024, devido a investimentos em infraestrutura. Enquanto isso, as exportações para a Argentina caíram mais de 50% em relação ao ano anterior. Globalmente, a América do Norte absorveu cerca de 40% das exportações brasileiras, seguida pela América do Sul, com aproximadamente 29% do total exportado.
Em fevereiro de 2024, houve uma contração nas importações de máquinas e equipamentos em relação ao mês anterior (-7,2%) e um aumento em relação ao mesmo mês do ano anterior (12,4%). O valor das importações em fevereiro foi de US$ 2,1 bilhões, em comparação com US$ 2,3 bilhões em janeiro de 2023 e US$ 1,9 bilhão em fevereiro de 2023.
Além disso, houve uma queda nas importações em termos de quantidade física, com uma redução de 8,5% em relação a janeiro de 2023, mas um crescimento de 12,9% em relação a fevereiro de 2023.
Essas importações aumentaram no acumulado do ano, apesar da queda no consumo de máquinas no Brasil, indicando um deslocamento na produção nacional.
Na análise interanual por segmento de mercado, cinco dos sete setores monitorados registraram aumento nas importações. No mês em questão, houve aumento apenas nas importações de máquinas para petróleo e energia renovável.
Destaca-se que o maior volume de máquinas e equipamentos importados ocorre de forma generalizada, com exceções nos setores mais dependentes de crédito, como a construção civil (-2,5%) e o setor agrícola (-25,7%). Este último foi ainda mais afetado pela variação cambial e pelos preços das commodities, impactando sua rentabilidade.
A China liderou as importações de máquinas, seguida dos EUA, Alemanha e Itália. A potência asiática respondeu por cerca de 30% de todas as máquinas importadas em janeiro de 2024.
O consumo nacional aparente de máquinas e equipamentos aumentou em fevereiro de 2024 em comparação com janeiro de 2024 (+9,2%), segundo a Abimaq, atingindo R$ 49,2 bilhões no acumulado do ano, apesar das desacelerações econômicas que afetaram os investimentos desde 2022.
O aumento das importações ao longo do ano aconteceu mesmo com a queda no consumo de máquinas fabricadas no Brasil, indicando uma mudança na produção nacional. No primeiro bimestre deste ano, apenas 53,7% das aquisições foram de máquinas produzidas localmente, refletindo a falta de competitividade da indústria nacional.
“A desaceleração da atividade nos diversos setores da economia vem impactando negativamente as decisões de investimentos no país desde o ano de 2022 e a falta de competitividade da indústria local subtraindo o mercado consumidor que já é pequeno, dando espaço ao bem importado”, diz o relatório.
Em fevereiro de 2024, a indústria de máquinas e equipamentos do Brasil operou a 71,4% de sua capacidade instalada, abaixo do nível de fevereiro de 2023. Em média, operou em dois turnos durante o período. Nos últimos 12 meses, a média de utilização foi de 74,8%. A carteira de pedidos se manteve estável em 9,4 semanas. Houve uma leve queda na mão de obra, com mais de 10 mil empregos perdidos desde setembro de 2022. Comparado ao ano anterior, o setor encolheu em 1,7%, especialmente nos segmentos de máquinas agrícolas e para a indústria de transformação, afetados pela queda nas vendas em 2023.
*Imagem de capa: Depositphotos
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