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A manipulação de metais se confunde com a história da evolução e transformação da sociedade. A concepção das primeiras técnicas, cerca de 6 mil anos antes de Cristo, aprimorou a qualidade e a funcionalidade de utensílios e ferramentas que ajudaram a garantir a sobrevivência da espécie. A posterior incorporação do domínio de técnicas de fundição de ferro a uma rotina antes, quase que exclusivamente, voltada ao cobre abriu caminho para o desenvolvimento de cidades e estabeleceu diferentes contextos de arranjo populacional, moldados, sobretudo, por novas armas de guerra e novas técnicas de agricultura. O aperfeiçoamento do uso dos metais – é certo dizer – precedeu revoluções sem as quais seria difícil estabelecer ao mundo as camadas de complexidade que nos conduziram à vida moderna.
Do ferro ao aço, do alumínio ao estanho, os metais perpassam nosso cotidiano. Na construção civil; nos automóveis, aviões e embarcações; nas máquinas que percorrem campos e colheitas; nos equipamentos que fazem girar a produção de eletroeletrônicos, de alimentos, de roupas e remédios. A cadeia da indústria, também é correto observar, está intrinsecamente ligada às atividades e técnicas de transformação de metais – ou seja, ao setor metalmecânico.
O complexo metalmecânico engloba empresas e atividades especializadas na fabricação de produtos e componentes de metal, explica o gerente do Instituto Senai de Tecnologia em Mecatrônica, Rodrigo Mianes, e, por isso, é um pilar essencial da economia. “Sua relevância se estende a diversos setores industriais, abrangendo áreas como automobilística, aeroespacial, naval e fabricação de máquinas e equipamentos. No cenário econômico do Brasil, a indústria metalmecânica desempenha um papel de destaque, pois fornece insumos críticos para várias outras indústrias de transformação”, afirma.
Por atender diferentes segmentos e variadas funcionalidades, o complexo metalmecânico é um setor cujas atividades se espalham por toda a malha industrial. No setor de bens intermediários estão as oficinas de corte, de soldagem e de fundições, por exemplo. Na indústria de bens de consumo, as práticas de transformação de metal direcionam-se para, além de tantas outras, as fabricantes de veículos, máquinas e materiais de transporte.
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A Confederação Nacional da Indústria (CNI) categoriza as atividades do complexo metalmecânico em quatro eixos distintos. “O primeiro refere-se à produção de matérias-primas, o que inclui desde a extração de minérios até a fabricação de aço e outros metais, bem como a criação de ligas metálicas. No segundo segmento, encontramos a fabricação de bens intermediários, ou seja, a produção de bens e equipamentos de metal que serão utilizados como insumos em outras indústrias”, observa Mianes. “Um exemplo ilustrativo seria a manufatura de peças metálicas destinadas à construção de um automóvel”, pontua.
As atividades voltadas para a fabricação de bens de capital, em que são produzidos equipamentos e máquinas utilizados nos processos produtivos, entram em nova categoria. “Estes equipamentos desempenham um papel fundamental na modernização da indústria, permitindo uma maior eficiência e produtividade”, acrescenta o profissional. O quarto e último segmento abrange os produtos destinados ao consumidor final, como eletrodomésticos e as ferramentas utilizadas cotidianamente.
Um exemplo para ajudar a entender a extensão e o impacto do setor na rotina da indústria está na manufatura de máquinas agrícolas. Para cada nova máquina que chega ao campo, há um denso rastro de atividades envolvidas, e em quase todas elas há marcas da metalmecânica. A começar pela extração do minério de ferro e pelas técnicas de fundição e usinagem do material, por exemplo, para dar formato às peças imprescindíveis ao funcionamento dos equipamentos. A metalmecânica também é responsável pelo uso do aço já pronto para modelar folhas e chapas destinadas a capôs e latarias dos tratores e colheitadeiras. Por fim, a montagem dos equipamentos, já na indústria de bens de consumo, dá continuidade ao processo, sempre submetido a rigorosos métodos de controle.
Ao tomar como outro exemplo a linha de fabricação de automóveis, as atividades da indústria metalmecânica também estão por toda parte. A começar pelas chapas de aço empregadas na criação das carrocerias e nas peças e ferramentas que também têm a marca do setor. Pode-se apontar, ainda, a presença das práticas da indústria metalmecânica na estrutura mecânica e elétrica dos veículos e nos equipamentos do processo de produção dos automóveis. “A função da indústria metalmecânica é fundamental na indústria de transformação, uma vez que oferece suporte a uma ampla gama de setores, sendo um elemento-chave na cadeia produtiva que impulsiona o crescimento econômico do Brasil”, diz Mianes.
Para transformar matérias-primas metálicas em componentes, peças acabadas e bens finais, o complexo metalmecânico dispõe de diferentes métodos, cada vez mais aperfeiçoados por novas tecnologias e soluções de mercado. Segundo o especialista do Instituto Senai, entre os principais estão:
No próximo texto da série, traremos uma visão geral dos principais processos de fabricação utilizados no setor metalomecânico, com destaque para as últimas tendências e avanços tecnológicos nos processos de fabricação.
Ao longo dos sete episódios da série Metalmecânica: Da base ao futuro abordaremos desde a definição do setor até sua evolução tecnológica, explorando temas como processos de fabricação, materiais avançados, papel da tecnologia, sustentabilidade, perfil profissional e os desafios e oportunidades futuros. Acompanhe esta imersão objetiva e esclarecedora no universo da indústria metalmecânica.
*Imagem de capa: Depositphotos
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