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Quando foi fundada, em 2011, em São Carlos, a Toledo e Souza Engenharia (TS) começou a comercializar no mercado nacional uma solução para monitoramento de redes industriais fabricada por uma empresa alemã. Tempos depois a fabricante estrangeira foi incorporada por outra companhia e o acordo de distribuição se tornou pouco favorável para a empresa paulista.
As condições comerciais ruins e a falta de suporte técnico motivaram engenheiros da empresa a criar um produto com tecnologia nacional para essa finalidade.
A decisão foi essencial para que a TS deixasse de depender de terceiros para oferecer no mercado nacional esse tipo de sistema de monitoramento de redes industriais que permite a padronização entre diferentes fabricantes, garantindo alta velocidade de dados e com custos de instalação e manutenção reduzidos: por isso, são amplamente requisitados pelas indústrias.
O monitoramento desse tipo de rede é essencial para antecipar falhas e minimizar custos. Isso porque esse processo fornece informações que permitem realizar manutenções corretivas e preditivas, bem como gerar dados que auxiliam os gestores no planejamento, na integração e no acompanhamento das atividades de operação da linha.
A ferrramenta da TS utiliza as informações obtidas da própria rede para prever e corrigir falhas. Isso ajuda a reduzir o estresse e os prejuízos trazidos por paradas inesperadas na fábrica. Os resultados são menor custo de manutenções preventivas e corretivas, bem como diminuição do tempo necessário para executá-las. Além disso, como a tecnologia é nacional, o suporte é em português.
O projeto de desenvolvimento da solução, batizada de Profibus e executada pela TS em 2017, teve apoio do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da FAPESP. Embora o projeto tenha sido bem-sucedido — ou seja, o produto tinha os pré-requisitos básicos e alguma estabilidade —, não era viável comercialmente. “Houve a saída do pesquisador responsável pelo código e a ferramenta tinha ainda muitas limitações”, conta Paulo Toledo, engenheiro eletricista cofundador da TS.
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O gestor optou, então, por contratar uma nova equipe e desenvolver a solução de outro modo. “A partir disso, mudamos a plataforma e o tipo de linguagem de programação.” Por diferentes motivos, a nova versão da ferramenta foi elaborada com investimento próprio. “Tínhamos a necessidade de criar algo mais rapidamente.”
A função do sistema é a mesma, mas todos os aspectos do desenvolvimento foram reformulados. “Foi um projeto muito bacana, mas não é o sistema atual: tivemos de elaborar ainda outra ferramenta”, lembra. “Durante o projeto desenvolvido com apoio do PIPE, aprendemos principalmente quais caminhos não deveriam ser tomados.”
Todo esse processo representou um aprendizado intenso para a equipe. “As correções que vieram posteriormente e o produto que foi lançado depois têm muito do que a gente aprendeu nessa jornada.”
Toledo conta que, inicialmente, o produto seria um gateway (porta de entrada) de informação que ficaria na indústria e enviaria os dados para um supervisor. Com as alterações, o conceito foi reestruturado. “Atualmente, o sistema é 100% embarcado e, com a tecnologia adotada, pode ser utilizado na indústria 4.0.” A solução pode atender a quaisquer sistemas supervisórios ou plataformas de tratamento de dados, como o Power BI — uma ferramenta que faz análise de dados e de negócios.
A decisão de manter todo o processamento diretamente no campo, em vez de enviá-lo para a nuvem — uma opção que poderia ser até mais barata —, garante que uma falha de conexão não leve à perda de dados importantes. “Uma queda na intranet, por exemplo, não afeta as informações: elas estão todas lá concentradas e nada se perde.”
Segundo Toledo, essa é a principal vantagem do sistema atual. “É possível usar as informações de formas variadas. Em grandes projetos, alguns clientes enviam os dados para o Power BI”, ressalta. “Esse modelo final é bastante interessante”, completa.
Apesar de a equipe já saber que manter os dados localmente era a melhor opção, a escolha inicial de criar um sistema com supervisor teve relação com as habilidades e competências do pesquisador que fazia o desenvolvimento. “O projeto estava sob a responsabilidade dele na época. Como ele só conhecia essa linguagem, optou por ela.” Para Toledo, esse talvez tenha sido o maior erro do projeto. “Trouxe inflexibilidade e afetou o futuro do produto.”
Desde o início do desenvolvimento da ferramenta de monitoramento, a TS ampliou a linha de produtos e, atualmente, tem 14 soluções para diversos protocolos de rede. “Nos últimos anos, investimos muito em desenvolvimento. O sistema iniciado no PIPE seria nosso primeiro produto, mas, pela necessidade de alterações, acabamos lançando outra solução antes: um software para análise de redes.”
A ferramenta de monitoramento de redes Profibus pode vir acompanhada de outras duas soluções que a tornam mais completa: enquanto o TS Monitor Profibus monitora a troca de dados de toda a rede (seu log de registro tem capacidade para 5 mil eventos), o TS Scope DP pode acompanhar o meio físico de um segmento Profibus DP e o TS Scope PA pode supervisionar o meio físico de dois a quatro segmentos Profibus PA.
No ano passado, a TS investiu cerca de R$ 450 mil em desenvolvimento com recursos próprios. “Para os próximos dois a três anos, planejamos aplicar mais de R$ 1 milhão.”
Isso inclui, entre outros, o aprimoramento da atual ferramenta de monitoramento de redes. “Hoje, a gente utiliza uma placa de mercado”, diz. “Eu queria transformar tudo isso em um hardware totalmente industrial de desenvolvimento proprietário. Esse investimento deve ser bastante alto.”
Fundada em 2011, segundo Toledo, a TS é atualmente a única empresa na América Latina a desenvolver ferramentas de análise e monitoramento para redes industriais Profibus. Seus clientes vêm dos segmentos automobilístico, papel e celulose, mineração, químico e sucroenergético.
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