Fonte: Valor Online - 27/11/07
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A Renault anunciou ontem aumento dos investimentos previstos no Brasil. Os R$ 780 milhões que estavam orçados para o período de 2006 até 2009 serão acrescidos em mais R$ 190 milhões, somando cerca de R$ 1 bilhão. Os investimentos contemplam, sobretudo, desenvolvimento de produtos no Brasil, que serve de base de exportação para outros países da América do Sul e México. O presidente da empresa, Jérôme Stoll, informou que tem um plano de investimentos para a Argentina, de 100 milhões de euros, para conclusão da transferência da linha Clio e para desenvolver um novo veículo.
Stoll estava em Florianópolis para o lançamento do Sandero, o primeiro carro fabricado inicialmente fora das bases da Renault na Europa, e cuja produção será feita no Brasil. Embora o Sandero seja definido por Stoll como um carro com DNA brasileiro, ele chega com pretensão de ser um carro mundial. A Renault deve fabricá-lo também na África do Sul e na Europa, mantendo a premissa de fabricar os veículos nos locais em que pretende vendê-los.
"Esperamos sucesso mundial. O que agrada os brasileiros, agrada o mundo", disse Christian Pouillaude, vice-presidente comercial da empresa. O novo investimento chega ao mesmo tempo em que a empresa comemora crescimento das vendas no mercado nacional, aposta na continuidade da boa demanda e consolida uma estratégia de inserção em carros de preços mais baixos. "O crescimento da empresa é impressionante", na visão de Stoll, citando que a Renault encerrará 2007 com 73 mil veículos vendidos e mais de 100 mil veículos em 2008.
O Sandero mantém a aposta em veículos de preços mais competitivos, voltados à classe média. A expectativa de Stoll é de um sucesso maior do que o do Logan, que atualmente é o carro mais vendido da marca. Nos últimos três meses, já foram comercializados mais de 10 mil unidades do Logan, com fila de espera de quatro meses nas concessionárias.
Segundo o presidente da montadora, o balanço das atividades nos últimos dois anos mostra que a empresa está no caminho certo. Desde que chegou ao país, no fim dos anos 90, a Renault não teve lucro. "A Renault perdeu muito dinheiro desde o início das atividades no Brasil. Com os novos modelos de sucesso comercial, a rentabilidade está melhor", diz ele, que espera que a empresa chegue ao lucro em 2008.
Quarto veículo novo de um total de seis previstos até 2009, o Sandero é um hatch compacto (cinco lugares), que tem foco no público masculino e acima de 30 anos. Na apresentação a jornalistas, a Renault comparou o Sandero com Fox, Fiat Punto e Fiesta, e também com veículos médios como o Golf (VW). Segundo Stoll, um outro novo modelo, nesta mesma plataforma do Logan, deve ser lançado até 2009 no Brasil.
Com o Sandero, a montadora espera ter participação de 4,5% no segmento de hatch compacto. A Renault não deve parar de fabricar o Clio hatch nem o Clio sedan, mas reduzirá os motores do hatch. Ele somente será fabricado na versão 1.0 flex. Já o sedan seguirá com motores 1.0 e 1.6, ambos flex.
Segundo Stoll, a capacidade instalada no parque fabril da Renault no Brasil ainda não está no limite. Ele explica que a empresa tem um fábrica para carros de passeio com capacidade para 200 mil veículos por ano e atualmente fabrica 120 mil carros. E outra fábrica para veículos utilitários, com capacidade para 50 mil, cuja produção está em 15 mil. Ele diz que a capacidade instalada estará no limite com o projeto da Nissan, entre 2009 e 2010, quando os produtos Nissan começarem a serem feitos nessas unidades.
A Renault deve fechar este ano com vendas de 800 milhões de euros no Brasil. Em 2006, as vendas atingiram cerca de 600 milhões de euros. Toda a Renault do Brasil, que inclui vendas para outros países vizinhos e México, deve alcançar faturamento de 1,4 bilhão de euros em 2007.