Automação e tecnologia para o setor metalmecânico são destaque na Expomafe

Negócios entre empresas em busca de tecnologias e inovações em máquinas-ferramenta e automação industrial foram destaque nos últimos dias da feira

O volume de negócios e de vendas deram o ritmo da 3ª edição da Expomafe. O equilíbrio entre intensa demanda e qualificação do público visitante não passou despercebido pelos expositores, que qualificaram a interação com os visitantes como estratégica para a dinâmica dos negócios. 

Automação industrial foi um dos destaques da Expomafe 2023. Imagem: Divulgação

O diretor da Calfran Indústria e Comércio, Antônio Juste, conta que a empresa vendeu 20 máquinas no evento, avaliadas em R$ 450 mil cada uma. Especializada na fabricação de máquinas de corte especiais, a Calfran trouxe para a Expomafe a linha de corte a laser para chapas e tubos, a calandra de chapa e de perfil, e a dobradeira de chapa. Segundo o executivo, o período pós-pandêmico está superando as expectativas. “No primeiro trimestre do ano, crescemos 30%, em relação ao mesmo período de 2022. A linha de corte a laser que adicionamos ao nosso portfólio incrementou muito nossos negócios”, disse o empresário.

A gigante White Martins também teve as expectativas superadas com a participação no evento. O gerente de tecnologia e aplicações do segmento metalmecânico da empresa, William de Abreu Macedo, conta que o estande da empresa tem recebido profissionais de diversos países. A empresa veio com uma meta desafiadora para a Expomafe e, de acordo com Macedo, as vendas foram bem expressivas.

“Esse ano, a White Martins apresentou uma linha do tempo da empresa. Falando um pouco de DNA, trouxemos um pedestal com o primeiro modelo de maçarico que desenvolvemos há muitos anos. O objetivo foi fazer o contraste deste maçarico, bastante simples, com o restante do estande, onde estão expostos equipamentos de alta tecnologia, de última geração, para mostrar de onde a empresa saiu e onde ela chegou”, comentou. Esta participação reforça o posicionamento que além de ser uma empresa de gases industriais, a White Martins também possui uma linha de equipamentos para a área industrial, construída no pilar da qualidade, inovação e responsabilidade ambiental e social. 


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“Trouxemos para a Expomafe 2023 uma célula - um braço mecanizado, robótico - que faz o mesmo papel do robô industrial, mas com uma programação simplificada que facilita o acesso para as empresas de pequeno e médio porte. Estamos, de certa forma, democratizando o processo de robotização para aqueles que não têm capital elevado de investimento, mas precisam fazer parte do meio por conta da escassez de mão de obra especializada”, disse o gerente. 

A CIMHSA Máquinas Operatrizes também festejou a visitação e as vendas conquistadas durante a Expomafe 2023. Segundo o gerente de vendas, Vinícius Cordeiro, a empresa trouxe 15 máquinas. "Notamos, neste ano, o otimismo das pessoas que estão vindo para a feira. A partir da Expomafe 2023, a atividade tende a movimentar muito além do que estávamos esperando”, comentou o gerente. Até o quarto dia de evento, a CIMHSA já vendeu mais de 30 máquinas, avaliadas entre R$ 100 mil e R$ 1 milhão. 

Produtividade por meio da inovação 

Tecnologia e automação são os atrativos desta edição da feira. "A Expomafe 2023 é um  reflexo desse mercado, que vem trazer o que há de mais moderno em tecnologia e automação em busca de aumentar a produtividade", constata o executivo Rogério Cardoso, coordenador de Marketing da Heller, empresa de origem alemã com 50 anos de Brasil, uma das principais fabricantes de máquinas-ferramenta no setor da usinagem.

Além de apresentar no evento as novas gerações de máquinas de quatro e cinco eixos voltadas ao mercado de usinagem, a estratégia da Heller é a de reforçar seus pilares de atuação: máquinas, serviços, know-how de processos digitais e, principalmente, a automação. "A empresa vem de um 2022 muito bom e quer aproveitar a tendência do mercado para investir, superar as incertezas, agregar o diferencial de uma produção de máquinas feita no Brasil, com tecnologia e qualificação de mão-de-obra de base alemã, e com a parte de serviços e da automação oferecendo soluções completas e customizadas para conferir produtividade ao mercado que atende", afirma Cardoso.  

A Cutlite do Brasil, sendo protagonista brasileira nos setores de máquinas para corte e gravação a laser, que projeta, fabrica e vende avançados destes sistemas, vem ao evento reforçar a marca e divulgar a mudança na tecnologia de laser de fibra que a empresa passou a adotar, desde 2019. "Essa inovação tem alta potência de corte e confere qualidade, velocidade de processo e produtividade", conta o textmanager da empresa, Cilnei dos Santos. 

Ele reforça o alto valor agregado de seus produtos e reconhece que a Expomafe é essencial para que o cliente venha conhecer essa tecnologia inovadora no Brasil. "Recebemos tanto os clientes que já estão em negociações conosco, quanto novos contatos interessados em saber mais e em ver de perto o desempenho do produto, o que não é possível de ser feito efetivamente online, à distância", completa o executivo.

Já o diretor de Operações da Cosa Intermáquinas, Danilo Bonassi Lapastini, avalia que o Brasil poderia estar no topo de países mais tecnológicos, se o acesso ao crédito e às tecnologias globais fossem mais facilitados. "O mercado busca se inteirar das tecnologias de ponta, e eventos como a Expomafe são essenciais para que a transformação conheça o que há de mais moderno no mundo para se tornar competitiva. Com mais apoio, a indústria de transformação nacional poderia decolar", afirma o executivo. 

A Cosa Intermáquinas, que hoje é uma empresa 100% nacional e atua nos setores de máquinas operatrizes, automação e dispositivos, afiadoras, metrologia e equipamentos de medição, além da assistência ao cliente, trouxe ao evento a linha para usinagem e os novos equipamentos de metrologia tridimensional, de medição óptica, braço de medição e medição para o chão de fábrica. Segundo o executivo, a empresa já comercializou, até o momento, pelo menos oito máquinas e, entre máquinas e equipamentos, valores acima de R$ 5 milhões.  

Até o momento, a SIMCO contabilizou vendas de mais de 15 máquinas na Expomafe. Com 27 anos de atuação no mercado de máquinas industriais, a empresa vem de um período positivo de negócios e segue com boas perspectivas para 2023, conta a gerente de Marketing, Sarah Vasconcelos. Segundo ela, a SIMCO apresentou, além da linha tradicional, duas novas máquinas com tecnologia para matrizes, produção e usinagem na Expomafe 2023. 

simco
Até sexta-feira a SIMCO já havia vedndido mais de 15 máquinas na Expomafe. Imgem: Divulgação.

Recuperação de imagem 

A maior feira internacional de máquinas-ferramenta e automação industrial também tem sido benéfica para quem quer posicionar sua marca com autoridade no mercado. O diretor técnico-comercial da Deb’Maq, Davi Araújo, disse que a empresa está em um período de reopocisionamento de imagem, e marcar presença na Expomafe foi primordial. A empresa trouxe para a feira um torno convencional modificado que o mercado sempre pediu, conforme o diretor. 

“A tecnologia está cada vez mais presente nas máquinas e podemos dizer que houve crescimento industrial nos últimos anos. Fizemos as alterações solicitadas no torno convencional e o resultado foram as vendas concretizadas”, disse Araújo. Até o terceiro dia de feira, a Deb’Maq vendeu 40 máquinas com a média de R$ 230 mil a R$ 250 mil, fora outros modelos que chegam a casa de R$ 1 milhão. 

Segurança Cibernética 

O tema que fez parte da programação no Parque de Ideias na última sexta-feira, 12, trouxe o especialista em segurança cibernética do Senai-SP, Danilo Rodrigo Oliveira, que comentou que a Indústria 4.0 nasceu na Alemanha, em 2011, com o objetivo de aumentar a competitividade entre as empresas. Segundo ele, as empresas investem na indústria 4.0 porque querem fazer mais com menos. “Vivemos em um mundo em que precisamos ser competitivos. Há 20 anos, não fazíamos inúmeras coisas que fazemos atualmente, e isso ocorre também com a indústria”, disse. 

Construir a segurança cibernética nas empresas é indispensável com a digitalização da indústria. A digitalização na indústria 4.0 é tornar processos manuais em processos digitais, o que quer dizer utilizar Inteligência Artificial para gerir cada etapa da produção, que passa, então, a ajudar nos cálculos e no planejamento dos próximos passos da empresa. Implementada a digitalização, a empresa passa a utilizar o computador em nuvem, big data e, consequentemente, a cibersegurança em todas as etapas de sua produção. 

No entanto, essa segurança, certamente, precisa vencer alguns desafios. A mudança cultural nas organizações é um ponto, a qualificação de mão de obra é outro tão importante quanto. E todas as empresas que passam pelo processo de digitalização estão expostas às ameaças cibernéticas, que podem comprometer a reputação, a operação, o faturamento e até a própria sobrevivência do negócio. O ambiente cibernético, de acordo com Oliveira, é focado nos dispositivos eletrônicos, nos softwares e aplicações e nas redes com internet. 

Danilo também comentou que a manufatura é o setor mais visado para os ataques cibernéticos e que, segundo pesquisas da Fiesp/Ciesp, em 2022, 74% dos ataques visam bloquear a operação da empresa, sendo que 36,2% obtêm êxito. O especialista do Senai-SP disse que é essencial que as empresas façam a análise de vulnerabilidade que possa deixar ‘brechas’ aos ataques cibernéticos. “Existem muitas decisões a serem tomadas, mas não existe ‘bala de prata’ em segurança cibernética”, afirmou.

Eficiência energética

O Senai-SP também marcou presença no Parque de Ideias trazendo informações pertinentes à eficiência energética para as indústrias. O coordenador de relacionamento com o mercado do Instituto Senai, Ulisses Vieira de Moraes, apresentou o Balanço Energético Nacional de 2022, que aponta que o sistema de transportes é hoje o maior consumo de energia no Brasil, com uma participação de 32,5%. Logo em seguida, vem a indústria, com 32,3%. 

O coordenador afirmou que consumo tem a ver com o tipo de processo produtivo que as empresas usam e disse que o custo de energia, que era muito barato nos últimos anos, mudou de cenário nos dias atuais. “Todo negócio precisa de uma gestão energética nos processos. A eletricidade representa 21,6% do consumo industrial no país”, disse.  

A partir de 2024, segundo o coordenador, todas as empresas poderão escolher se querem adquirir energia do provedor local da sua cidade, ou se querem adquirir do mercado livre. Além de analisar a melhor proposta, a troca de equipamento pode ser outra forma de se fazer a gestão energética, mas apenas fazer a troca não é sinônimo de gestão. A gestão integrada, conforme Moraes, pede a análise da vida útil do equipamento. “Fazer a gestão energética é a etapa anterior à definição do tipo de energia que você vai usar”. E disse ainda: “diagnóstico energético é fundamental para a empresa decidir quais ações ela deve tomar para uma melhor gestão”.